segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Diário do Leitor


E trazemos mais uma colaboração de nossos ilustres leitores aqui no blog, o leitor W resolveu falar de sua homossexualidade através de uma confissão e uma amizade.

"Meu nome é W, e há um tempo você pediu que escrevemos algo relacionado a minha homossexualidade. Não escrevi antes porque estava sem tempo, então aqui vou eu =D.

Sou nerd (algo que agora é moda, mas antes eu era zuado por isto), e sempre fui tímido. Na época da escola, não ficava com nenhuma menina, não tinha nenhum desejo de ficar com elas, na verdade não tinha desejo de ficar com nínguem. Era um nerd clássico, só me interessava pelo estudo.

Quando eu entrei na faculdade, fiquei amigo de um carinha hétero, também fiz outros amigos, mas com este carinha me aproximei muito. Ainda me interessava mais pelo estudo, e não reparava que a minha relação com este amigo hétero estava se tornando quase um namoro.

Hoje com calma, eu consigo olhar para esse período, e ver que a minha relação com ele, para mim, desde o inicio era mais do que uma relação de dois amigos. Nunca rolou nada entre a gente, mas agíamos como se fossemos namorados. Isto era tão nítido, que todos da sala acreditavam que éramos namorados. Só quem sabia que isto não era verdade, eram os outros amigos que conviviam com a gente.

Com o tempo, a nossa relação foi ficando tão intensa que ficou claro para ele, que estávamos agindo como namorados, e ele começou a se afastar de mim. Hoje não falo mais com ele, e mesmo sabendo que nunca teremos mais nenhum tipo de relação, eu continuo amando ele.

Com o afastamento dele, comecei a me aproximar mais dos meus demais amigos (antes vivia pelo carinha hétero). E com eles, comecei a pensar em relacionamentos. Eu até namorei uma menina na época da escola, mas depois dela, não fiquei com mais ninguém, ou seja, quase meus quatro anos da facu, sem ficar com nínguem (falei que era nerd).

A namorada de um dos meus amigos, disse que ia me ajudar (não tinha pedido a ajuda dela). E ela basicamente fez uma lista das amigas dela que eu deveria tentar namorar. Foi neste período (q foi assim que terminei a facu), e comecei realmente a pensar sobre a minha sexualidade. Sem estudos na minha mente, e com a pressão da namorada do meu amigo, foquei na minha sexualidade. E vi que não sentia desejos por mulheres.

Sinceramente, eu não sei como acontece com as demais pessoas, mas para mim foi algo simples, assim que tive a mente livre do foco que eu tinha no estudo, ficou claro que eu sempre fui gay e que eu me focava no estudo para não ter que pensar sobre isto.

Assim que notei que era gay, contei para meus amigos, porque eles estavam meio que me pressionando para namorar, já que eu era o único solteiro (na verdade ainda sou XD). Eles são todos héteros, e antes de contar para eles, achava que iam deixar de ser meus amigos, ou sei lá, se afastarem, mas aconteceu completamente o contrário. Eles me apoiam e até me ajudam na medida do possível para arrumar um namorado.

Por mais que meus amigos são legais comigo, eles são todos héteros, e por causa disso, acabo frequentando mais lugares "heteros". Eles não curtem baladas e bebidas, assim como eu, então vamos mais a restaurantes, cinemas e shows. Esses programas são legais, só que indo apenas a estes tipos de lugares, não consigo ficar com nínguem. Até foi pra balada GLS, mas como não tenho com quem ir, só foi três vezes.

Por fim, estou na procura de um namorado que tem gostos mais parecidos com os meus, mas tá difícil. Qualquer dica serei grato =D."


Bom texto, não é?

Quer escrever também o seu texto, mande e-mail para:
digaxisparaopassarinho@gmail.com ou 26raylight@gmail.com

O texto deve estar no corpo do e-mail, não em anexo.

Ass.: R

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Universo chamado Avenida Paulista!


Bem, sou um privilegiado, em dois anos morando aqui em Sampa, já fiz parte da República, trabalhei na Lapa e agora, estou fincado na Avenida Paulista.

Paulista é deslumbrante, ela é cult, executiva, gay, geek, nerd, culta, da moda, ela é a pura concentração de variantes de culturas no Brasil. Enquanto a República é uma junção de povos e tribos, a Avenida Paulista é o palco da cultura em todos os sentidos.

Lá você encontra o que você quer comer, o que você quer assistir, o que você quer vestir, o que você quer ler, o que você gosta de dançar, e mais importante, onde você pode trabalhar.

Às vezes é um problema, pois ela meio que libera o bichinho consumista que existe em você. Pois são tantos lugares para experimentar comidas, tantos lugares que você se vê vestidos nas roupas, fora os livros, CDs e DVDs que desfilam em sua frente. Então, para frequentar este lugar, auto controle e mão longe de cartões de crédito.

Uma vez o L. falou que se impressiona, quando estamos fora do horário de verão e a noite chega mais rápido, andamos pela Paulista após o trabalho, e é bonito ver seus vários prédios comerciais com suas janelas que parecem pixels iluminados.

E você constata que lá a vida não para, trabalho 24 horas, que a noite disputa as atenções com o lugares para comer, dançar, a ferveção pansexual da Augusta, as baladas gays na Frei Caneca, os cafés 24 horas da Haddock, a Paulista realmente não para, suas ruas são como fluxos sanguíneos, dias e noites.

Por mais que eu seja do litoral, de uma cidade pequena, que adora sentar a noite na praia e ver o mar contrastar com a Lua, também tenho que dar o braço a torcer, que a Paulista também algo que faz bem aos olhos.

São Paulo é uma selva de pedras, que assusta e polui seus olhos, mas tem coisas também que devemos relevar, e com certeza apreciar. Seja um cafezinho a meia-noite, aquela lojinha de miniaturas que você não encontra em lugar nenhum, aquela loja de gibis, a mini-cidade chamada Livraria Cultura, a massa gay que se espalha a noite pela Frei Caneca, aquele picnic embaixo do MASP, entre várias coisas que nos fazem nem por lá.

Pois é, estou aprendendo a gostar mais de São Paulo, não mais do que Santos, mas posso dizer que estou detestando menos Sampa :D

Ass.: R

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dicas de Filmes: O Primeiro que Disse


Faz um tempinho que vi este filme, mas como o blog estava desativado, resolvi agora falar sobre este filme como dica para vocês leitores. O filme italiano é de 2010, o título original é “Mine Vangati”. Como grande maioria dos filmes que falo por aqui, também tem cunho homossexual.

O filme mostra a história da família Cantone, com destaque para o filho Tommaso Cantone. Que tem sua vida fora da cidade natal, onde sua família tem uma tradicional fabrica de macarrão. E nesta vida fora dos olhares paternos e maternos, vive sua homossexualidade livremente com um namoro fixo e faz a faculdade que sonhava, não que a família queria.

Uma família tradicional italiana barulhenta. Uma tradicional matrona, uma avó com um misterioso passado, um pai conservador e machista, uma tia ninfomaníaca que adora as visitas noturnas de um pretenso ladrão, um cunhado aproveitador, entre outros.

Mas, Tommaso tem que voltar a sua cidade para um jantar familiar, onde todos sabem que seria anunciado um futuro substituto de seu pai na frente da fabrica de macarrão. Seu irmão mais velho seria o mais provável, já que esta a frente dos negócios a tempos, sua irmã que é até competente não seria por machismo de seu pai, e poderia haver uma pequena possibilidade de ser Tommaso.

Se fosse Tommaso, teria que abandonar sua vida na outra cidade, o que dificultaria sair do armário e continuar seu namoro, já que sua família é totalmente preconceituosa. Então Tommaso conta a verdade para seu irmão mais velho e diz que vai anunciar a todos sua homossexualidade, durante o jantar.

Mas, para surpresa de Tommaso, antes que possa abrir sua boca no jantar, seu irmão mais velho faz a revelação primeiro, se assumindo gay, que causa sua expulsão da família e um principio de infarto para seu pai. O inevitável acontece, seu pai adoentado pede para Tommaso tomar as rédeas da empresa, coisa que ele nunca quis na vida. Mas, não pode negar isto ao seu pai e a sua família.

Nos negócios da família ele conhece a intensa e bela Alba Brunetti, ao qual acaba se envolvendo numa amizade que fica meio colorida, confundindo seus sentimentos. E as coisas só se confundem ainda mais, quando seu namorado Marco faz uma visita surpresa acompanhado de amigos bem “alegres”.

Tommaso tem que lidar com o segredo que deve contar, pelos sentimentos por Alba, o amor por Marco, e lidar com que a família não repare no comportamento suspeitos de seus amigos.

Uma comédia bem leve, sem ofender a inteligência de ninguém. Ótima para assistir num domingo à tarde. E com um elenco muito afinado.

Veja um trailer:



Ass.: R

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 21 – Junho continua...


Pois é, o mês de Junho ainda não terminou neste resumão das nossas vidas em Sampa. Como havia comentado no post passado, minha saúde foi extremamente afetada, tive uma febre intestinal que fez ficar dias de cama.

Recebi uma ligação de meu chefe, para vir trabalhar já na Avenida Paulista. Já não pertencia mais a equipe da Lapa. No inicio iria ser um tipo de auxiliar do L., trabalhos dois dias juntos, até minha transferência ser completada para outro setor no mesmo prédio.

Enquanto isto, a minha ex-companheira desacatou varias vezes nossos superintendente, o que lhe serviu de futuro desligamento. Ele contratou outra pessoa, e depois que ela passar todo o trabalho para esta pessoa, será desligada na empresa.

Sabe, é muito chato isto. Pois todo mundo no inicio apoiou muito ela, mas ela demonstrou não ter perfil para coisa, não saber esta a frente de uma equipe, mesmo que a nossa que era tão pequena formada por ela, eu e a outra menina.

Bem, o novo serviço a responsabilidade foi redobrada. Mas, com minha experiência na outra função, fez com que eu já estivesse familiarizado com o novo serviço. A equipe é muita mais contida que a anterior, tem um gay também nesta equipe, mas muita na dele e muito gente boa. E você vê aquele pessoal todo sem nenhuma piadinha de mau gosto ou degradante a ele, pelo contrario, ele é muito respeitado e adorado por todos.

Fiz amizade com as pessoas mais próximas a minha mesa, mas aprendi a lição de não levar tão adiante uma amizade de trabalho. Às vezes ela não passa disto, apenas colegas de trabalho, e não vou querer me decepcionar mais uma vez. Então ficarei na minha.

Bem depois de estar nesta nova função e estar deslumbrado com a Avenida Paulista (Ô lugar bão para trabalhar). Fez com minha vida pessoal também entrasse na paz, e também fazer o L. ficar menos preocupado com minhas condições anteriores.

Com o novo salário, já estou ajudando minhas sobrinhas em Santos e podendo fazer pequenas extravagâncias.

Neste mês fizemos algo diferente, vimos o musical “Mamma Mia” (que por sinal é muuuito bom, nem liguei para as letras em português). E para comemorar o aniversário do L., fomos jantar na Augusta, num lugar super legal chamado Frevo, e depois fomos ver “Meia-Noite em Paris”.

Finalizamos a noite na Frei Caneca, num barzinho gay, olhando o movimentado mundo GLS, e encontramos meu primo caçando por lá (:D). Terminamos a noite abraçadinhos na cama e passamos um domingo preguiçoso vendo séries e filmes na TV.

Bom, enfim tenho paz. E parece que as coisas entraram no trilho. Então, com certeza devo ter mais coisas boas para contar nos próximos posts.

Ass.: R

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dicas de Filmes: Contra Corrente

A pedidos, voltamos com mais dicas de filmes, que em grande parte são GLS (é claro).


Hoje trago a produção “Contra Corrente” (que também pode ser encontrada com os títulos “Contra Corriente” e “Undertow”), filme produzido em 2009 no Peru, e só agora apareceu em terras brazucas. Filme de uma sensibilidade impar, que mostra que a homossexualidade vai muito além do estereótipos mostrado em grande filmes do gênero.

Tudo se passa numa vila bem simples de pescadores, onde Miguel (vivido pelo ator Cristian Mercado) divide sua vida com o mar aonde vem seu sustento e o casamento com a esposa Mariela, que esta grávida de seu primeiro filho.

As coisas mudam com a chegada do fotografo e pintor Santiago, que vindo da cidade grande, se instala na vila para exercer seu talento. Com a amizade próxima a Miguel, acaba ganhando novas cores, e chegando ao extremo de um relacionamento gay.

Mas, um acidente no mar, faz com que Santiago desapareça, como ele já seguia toda a crença dos pescadores, que diz que sua alma só terá descanso quando seu corpo for encontrado e feito o funeral conforme a crença. Seu fantasma fica preso a vila.

E Miguel começa a viver um drama de conviver com sua mulher, ao mesmo tempo com o espírito de seu grande amor, que pode ir embora para sempre. E os eventos que vem a seguir (que não vou contar para não estragar o resto do filme), acaba colocando ele em cheque, assim como seu relacionamento com a família e os amigos.

Apesar deste tom sobrenatural, não pense que a coisa acaba no escracho como “Dona Flor e seus Dois Maridos” ou “Ghost”, e sim, tudo é tratado com todo o cuidado, e certo carinho pelo diretor e o escritor da trama.

Só sei que é uma experiência válida, e até um pouco dolorida de assistir, mas vale por todo o contexto, (que assim como “Brokeback Mountain” e “Pecados da Carne”) que sai totalmente dos centros urbanos e das velhas histórias de gays que contam por aí.

Uma curiosidade, durante o filme, eles assistem a novela brasileira “Direito de Amar” e elogiam a beleza do nosso falecido Lauro Corona.

Vejam o trailer



Ass.: R

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Lado Sério convoca vocês!



Contamos com a participação de vocês. Mande um texto contando seu lado gay: como foi a primeira vez, descobertas, agruras, felicidades, namoros, família, relacionamento. Qualquer coisa que você queira falar relacionado a sua homossexualidade.

Siga algumas regras:

* Não use palavrões;
* Mande o texto no corpo do e-mail, não mande em arquivo anexo;
* Diga se quer que seja publicado seu nome no texto ou não.

Seguindo estas regrinhas básicas, mande seu texto para o e-mail:
digaxisparaopassarinho@gmail.com ou 26raylight@gmail.com

Aguardem que logo seu texto vai ser publicado.

Não sejam tímidos, usem este espaço.

Ass.: R

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 20 – Maio/Junho


Enfim, ultrapassamos os primeiros meses por nossa conta. Conseguimos balancear nossas despesas, caprichamos nas horas extras, e enfim, podemos ter uma vida confortável, é claro, sem móveis na sala ainda, mas com um quarto aconchegante que vale muito mais.

Mas, nem tudo são flores, no departamento que eu trabalho, nosso supervisor foi transferido para outra área, ficamos sem supervisor. A pessoa ao qual mais me identifiquei e que se mostrou grande amiga, como era a mais velha (mais tempo de casa) no local, assumiu a liderança da célula.

Apesar de não ser intitulada como líder por nosso supervisor, ela assumiu a função, e foi apoiada por mim e por nossa outra companheira de trabalho. Mas, tem certas pessoas que não tem perfil para a coisa, não sabe o que é realmente liderar, e perde totalmente o controle da situação, confundindo liderança com militarismo.

No início houve vários confrontos verbais com a outra menina, o que valeu almoços desgastantes, discussões de nível de poder, entre outras coisas mais. Não demorou para a situação descontrolada da nossa “líder” me atingir. Eu, que sou uma pessoa muito calma, cheguei ao limite após minhas funções entrarem em cheque, tive uma discurção calorosa com a mesma.

Apesar de nosso superintendente continuar a dizer que ela apenas é a cabeça da equipe e não é a líder, fui acometido do tal “assédio moral”. Coisa que a gente só vê em filmes, jornais e matérias na internet.

A situação transformou meu dia a dia no serviço em um inferno, com diversas diretrizes do meu trabalho mudando, sem contar com os mandos e desmandos, humilhações e demonstração de poder.

Quando você sabe que não fez nada errado, sabe que é responsável por seu trabalho, cumpre com que tem o que cumprir, ver uma pessoa tentando te derrubar, te denegrir e tentar o tempo todo te humilhar, faz você se sentir muito mal.

Isto acabou me fazendo muito mal, afetando minha saúde, o que me fez ficar afastado alguns dias do serviço. Foram dias de cama e muita febre. Tive que deixar o verdadeiro responsável pela célula ciente da situação.

Para meu espanto, o próprio estava muito infeliz com o trabalho dela, que ela havia já um histórico bem pesado de falta de ética e que ela já estaria na lista de prováveis demitidos. E que eu ficasse em paz, que ele estaria já cuidando de minha transferência.

Por mais que eu estivesse feliz em ir trabalhar na Av. Paulista, meus nervos já em frangalhos, não admitia minha volta ao meu antigo trabalho. Mesmo que se eu passasse apenas um dia por lá, ainda seria muito sofrimento psicológico.

Mas, como tudo na minha vida, tive que respirar fundo e encarar. O que importava, é que trabalharia perto do meu maridón, o que daria uma rotina mais presente entre nós dois. Teríamos mais tempos para ficar juntos, como a ida ao trabalho e os almoços.

E que venham mais novidades, boas... por favor ;)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Oh Amy!


Não sei se é meio tardia, mas resolvi fazer esta homenagem a Amy Winehouse, um pequeno texto dando a minha visão sobre a pessoa e a cantora.

Meu primeiro contato com a Amy não foi dos melhores, tudo por causa da super exposição da musica “Rehab”, a música tocou tanto em todos os lugares que acabei pegando um pouco de ódio da música. Fui fazer as pazes com a música no ano passado.

Mas, depois, como tenho paixão por vozes femininas, dei mais uma chance para a Amy, e acabei curtindo e virando presença firme em minhas playlists e MP3.

E com muito pesar que na tarde de sábado soube da sua morte. Foi uma grande pena por causa da música e por causa dela. Deu uma grande pena, e um aperto (sem demagogias) ao meu coração saber que o triste clichê havia atingido em cheio.

Todo mundo gosta de julgar do jeito que ela levou a vida, de como ela cedeu às drogas, mas como é você estar no show bis, você com apenas vinte e poucos anos estoura com um disco que tem alcance mundial, e virar referência nas vozes femininas.

Com 24 anos, você já tem alguns grammys, prêmios britânicos, prêmios da MTV e outros mais que não conseguimos enumerar. Você é conhecida mundialmente, adorada e com uma legião de fãs em seu encalço.

Seu rosto é capa das revistas e jornais, pelo bom sentido e pelo mal sentido. Todos esperavam sua cara de drogada, seu tombo, seu porre, seu peitinho saindo da blusa. Você estava 24 horas sob vigilância, de olhares maldosos, julgadores e da imprensa marrom.

Você tem 20 em poucos, e o grande amor de sua vida é uma pessoa embrenhada nas drogas, mesmo você já tendo experimentado, você tem a lua de mel de seus sonhos ao lado dele, são dois meses de sexo, arranhões e drogas, muitas drogas.

Você vê sua mãe perdendo a fé em você, vendo seu pai ao mesmo tempo parecendo protetor na mídia, mas por trás, aproveita o seu sobrenome agora famoso por causa de você e lança sua carreira de cover do Frank Sinatra.

Você esta sozinha, seu ex-marido esta na cadeia, a Rehab não te ajuda, o estúdio não aceita suas novas idéias e nem suas músicas, mesmo tendo enriquecido com seu disco anterior. Você tem novos namorados, mesmo com sua péssima aparência, eles se aproximam pelo destaque em qualquer mídia.

Você tenta dar a volta por cima, apadrinha um jovem novo talento, reaparece com uma aparência até uma pouco mais saudável, mas nada faz você escapar do destino selado, morrer aparentemente sozinha, acompanhada apenas de suas drogas.

Que triste fim de um talento, de uma novidade no mundo dá musica depois de tantas britneys, beyonces e rihannas. À volta por cima da black music, do soul, do jazz...

Que triste fim de uma menina, sim, uma menina. Em sua última aparição, no show de sua afilhada musical, ela dançava com a aparência juvenil. Mesmo depois de tantas drogas, bebidas, sexo e tatuagens, você consegue enxergar uma menina, que sofre de amor, que fica bem claro em suas músicas, uma menina de alma apaixonada.

Mas, lá se foi a “drogada” Amy, e continuamos com seu legado. De apenas um disco de sucesso, mas que alcançou tanto do que muitos cantores, cantoras ou bandas com uma grande discografia.

Oh, Amy! Só fica saudade! Pois sabemos que por mais que escutemos você, são apenas gravações, pois sua voz se calou.

Ass.: R

terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma Semana Especial


Depois de um dia especial, chegou uma semana especial. Sei que parece repetitivo, mas não tem coisa melhor do que comemorarmos dias, semanas e meses especiais. E esta semana que começa nesta terça-feira e vai até a próxima segunda, esta muito especial para este que vos fala... ou melhor... escreve.

Em 26 de Julho de 2003, após um turbulento e triste ano de 2002, com a perda do meu pai, minha obsessão por emagrecer, as primeiras grandes decepções amorosas homossexuais. Mas, meio que houve uma trégua para mim, pois num balcão GLS em Santos (hoje, infelizmente substituído por uma loja da Kodak), encontrei para primeira vez o amor de minha vida.

Sim, meus caros, hoje completam Oito anos que eu e o L estamos juntos. E atravessamos até a “mardita mardição” dos Sete anos. Claro que o último ano não foi fácil, mas passamos por ele e vencemos. E o nosso premio, é nosso amor, cumplicidade, carinho e um companheirismo que só nos faz bem.

Mas, por que esta semana é tão importante?

Pois em 1º de Agosto de 2009, eu e o L. demos um passo decisivo nas nossas vidas, deixamos o litoral e fomos conquistar nossa vida a dois aqui em Sampa. Tropeços, alegrias, desconfianças, decepções, tudo que faz parte de nossas vidas, acabaram sendo deixados de lado pelo amor comum entre nós.

É, dois anos de casados, Dois anos dividindo colchões, camas boxes, colchões de ar e enfim, nossas caminha normal de casal. E é claro, as futuras camas novas, camas de hotéis e é claro, camas de motéis, pois ainda temos muito que fazer em quatro paredes.

Não somos mais atléticos, mas temos nossos charmes, não temos mais 20 aninhos, mas temos uma vida inteira para frente. E o mais importante, com uma conquista cada vez mais difícil no mundo gay, a conquista de uma cara metade.

Então feliz Oito anos, Dois anos e futuros anos.

E o que importa, não só o que passou, mas o que temos a frente a conquistar.

Que venham mais!!

Ass.: R

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O fim de Brothers & Sisters


Vocês podem até me chamar de brega ou fã de novelões, mas eu amava assistir todo o drama gerado pela família Walker, a cada episódio da série Brothers & Sisters. Série que chegou ao seu derradeiro fim nesta quinta temporada, após muitos altos e baixos das temporadas anteriores.

Surgida em 2006, nas suas três primeiras temporadas, a série foi recheada de elogios e muitos prêmios, foram indicados a muitos emmys e ganhou um pela a atuação de Sally Field, fora isto, levou quatro indicações pelo Globo de Ouro, além de ganhar mais nove prêmios e mais dezoito indicações.

A série inicia com a morte do patriarca da família, o que desencadeia milhares de acontecimentos, como a guerra pela liderança da empresa, mudança de rumo de alguns personagens, a aparição de uma amante e de uma suposta filha bastarda.

Em suas cinco temporadas a série conseguiu discutir variados assuntos, entre eles separação, traição, golpes empresariais, câncer, adoção entre casais heteros e homossexuais, namoro com diferenças de idade, barriga de aluguel, política, AIDS, drogas, traumas de guerra, amor na terceira idade, morte, eutanásia, ética no trabalho... entre outros variados assuntos, que fariam esta lista ficar interminável.

Mas, seria demagógico da minha parte, não citar minha identificação com a série, por causa do personagem gay feito pelo ator Matthew Rys. Uma das primeiras séries que mostram um personagem gay sem se preocupar com estereótipos.

Matthew é Kevin Walker, advogado formado que é muito bem sucedido nas primeiras temporadas, ele tem um comportamento sem muitos excessos (coisa que geralmente estereotipa os personagens gays). E acaba passando por várias experiências, conhecendo vários parceiros, até achar seu grande amor da vida, Scotty (vivido por Luke MacFarlane). È claro, que o casal passa por dificuldades, como qualquer outro casal, mas conseguem se casar, abrir um negócio juntos e pensar em filhos.

A série dá também outra visão da homossexualidade, com o personagem Saul, irmão da matriarca da família. Solitário e dedicado ao trabalho, após a aposentadoria, tem que repensar sobre sua situação, homossexual na terceira idade e com toda aquela carga de preconceito acumulada há anos.

Às vezes a série pesa a mão com o dramalhão, ou até por episódios non-sense, como aquele com a Sonia Braga. Mas, não podemos deixar de pontuar toda a sensibilidade que é cuidado cada assunto, sem se preocupar em chocar, apenas em mostrar a realidade, mesmo nua e crua, mas muito bem resolvida.

Infelizmente, os anos não foram muito agradáveis a série, que sofreu com perda de elenco, com alguns virando estrelas e fazendo só alguns episódios, e com roteiros que não correspondiam mais aquele peso dos episódios anteriores.

Então, o fim foi inevitável. O episódio final representou bem a série e deu aquele aperto no peito de saber que os dramas da família Walker vão ficar no passado e não veremos mais aqueles personagens mais por aqui depois de 110 episódios.

Que fiquem em nossas memórias.

Ass.: R

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 19 – Março/Abril


Bem, passou a decepção por não conseguir o apê de nossos sonhos e voltamos nossos olhares na busca contínua. Que estava ficando cada vez mais estreita. Meu primo iria voltar para um antigo ape dele nos próximos dias.

Depois de uma vasta e tortuosa busca, encontramos o apartamento. Pequeno, este não seria nossa primeira opção, mas naquele momento era totalmente providencial. E começamos toda a loucura de encaixotar e agendar a mudança.

A mudança seria muito fácil. Teríamos roupas, escrivaninha e computador apenas para mudarmos. O guarda-roupa no nosso antigo apartamento era embutido e a nossa grande cama boxer teria que ficar para trás, no prédio novo não teria como levá-la, pois a escadaria e o elevador não tinham o tamanho ideal e estaríamos no 14º andar.

Chegamos ao ape e o cenário havia várias caixas, o computador sem internet, um colchão inflável e um microondas (presente do primo). Um cenário desolador. Para viciados em internet, séries e conforto, era terrível.

Mas, foi por pouco tempo, conseguimos comprar os móveis de quarto e de cozinha, inclusive nossa ultra-mega-blaster-maravilhosa TV. Depois de alguns dias de enlouquecer subindo nas paredes, a internet foi instalada.

E caímos na real, depois de quase dois anos em São Paulo, enfim nos sentimos realmente casados. Só nos dois, com nossos móveis, nosso canto e nossos horários. Tudo do jeito que a gente quer e pode fazer.

Voltamos à rotina de ver TV deitadinhos, viciamos ainda mais em séries como “Modern Family” e “How I Meet Your Mother”. E nos deliciamos com esta nova vida de casados.

Temos muito mais responsabilidades, muito mais contas, muito menos dinheiro (:D), mas para todo início de vida é assim, e se não fizermos um pouquinho de sacrifícios, nunca conseguimos conquistar nada. E quando conquistamos, a sensação é maravilhosa.

Bem, eu e o L. estamos preparados para mais esta nova fase, prestes há fazer oito anos juntos, conseguimos mais um gostinho de novidades no nosso relacionamento, e isto, não tem preço ou dinheiro que pague.

Em breve: mais decepções, bulling e mais.

Ass.: R

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O que estamos ouvindo?

Bem, como já é de praxe por aqui, eu sempre dou dicas do que eu e meu maridón estamos ouvindo em nosso MP3. Sabe como é, para ir ao trabalho nos caminhos distantes de São Paulo, é obrigatório um fone de ouvido e um boa música.

Vejam o que estamos ouvindo no momento:



Depois de ver seu clipe, fique quase impossível de não ouvir Adele viciozamente. Música preferida é a “Rolling In The Deep”. Mas o resto do repertório da moça é muito bom, vale a dica!



Antes mesmo de ficar famoso, o grupo Phoenix já fazia parte da obsessão de L. Destaque para as músicas “Liztomania” (que virou moda no You Tube) e “Love Like a Sunset Part II” (que faz parte da trilha sonora de “Um Lugar Qualquer”)



Apesar de ter saído do ambiente que eu adorava, de banquinho e violão, ainda continuo a curtir Jewel. “Satisfaction” tem uma batida meio folk/country. Para quem gosta do tipo meio mela-cueca (como eu), é um prato cheio.



Depois de nos conquistar com a música do trailler de “Onde Vivem os Monstros”, o premiado Arcade Fire nos faz cantarolar a música “The Suburbs”, e ainda de quebra este belo clipe de Spike Jonze.

Bem, espero que tenham curtido as dicas.

Ass.: R

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 18 – Janeiro/Fevereiro


Bom, com a falta de tempo de procurar fisicamente apartamento, partimos para o jeito mais prático: jornais e anúncios online. Ficamos viciados em sites de imóveis na internet, a busca era diária, para não dizer de hora em hora.

Com alguns achados, começamos as visitas e é claro as decepções. Muitos destes anúncios mascaram um pouco o estado ou alguns detalhes do apartamento, como tamanho, condições e local de acesso.

O que mais nos espanta é como o valor imobiliário em Sampa esta em alta e qualquer apartamento o menor que fosse, bateria qualquer aluguel em cidades como Santos ou São Vicente. O custo de vida esta muito caro e isto dificulta ainda mais a procura.

E parece que cada apartamento que achávamos, menor eles ficavam. Parecia Alice No País das Maravilhas ao contrário, enquanto lá Alice entrava em pequenas porta e via grandes salões, aqui a gente entrava em grandes prédios e via apes minúsculos.

Enquanto continuava a busca, me adaptava ao novo emprego. Não posso reclamar de minhas companheiras de trabalhos, apesar de toda a pressão que o emprego exige, não posso dizer que não tive apoio de ambas. Elas eram tão solicitas como grandes companheiras de trabalho, com de almoço e de conversas triviais.

Um delas casou cedo e tem uma filhinha. A outra era um mistério, feminina ao extremo, com até um ar de adolescente, acabou sendo uma grande surpresa ao passar dos dias, quando em uma das suas conversas telefônicas (sua mesa fica colada a minha), vi que chamou alguém no telefone de esposa.

Não demorou muito para ela abrir para mim sobre seu relacionamento homossexual. Está há vários anos com uma companheira, e desde que sua mãe faleceu, as duas vivem juntas. O que foi um tapa na cara, pois mesmo eu sendo gay, ainda havia aquele certo preconceito em minha cabeça que nunca imaginária que uma mulher toda feminina poderia ser lésbica.

Pior que logo eu, que luto contra o estereótipos de gay afeminado, dizendo que nem todos os gays são assim, cai na mesma cartilha e fiquei surpreso em ver que minha companheira de trabalho não é masculinizada por que namora outra mulher.

Pois é, a vida é uma caixa de surpresas e sempre me ensina uma lição: “Mente aberta, R. Um ser humano é sempre diferente de outro. Não rotule um pelo o outro”. E é isto, cai na armadilha que sempre alerto para outras pessoas não caírem.

Bem, como era de esperar, me abri também com ela, o que melhorou ainda mais nosso relacionamento. E me deu aquela esperança, que muitos que ditam que homossexuais são promíscuos, que não rola monogamia, estão um pouco errados. Como tudo na vida, há sempre exceções, e não estou sozinho nesta.

Bem, voltando à busca pelo apê, encontramos o lar dos sonhos. Um apartamento maravilhoso, próximo de onde moramos (o que não iria mudar nossa rotina diária). Preparamos toda a documentação, aceleramos o máximo o processo e fomos pegos de surpresa, o apartamento já havia sido alugado por outra imobiliária.

Deu uma vontade louca de chorar, ainda mais que todo dia víamos o próprio pela janela do nosso apê. Foi muito chata a situação.

A seguir: Vida de casado! Novo lar!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Blog Amigo!

Venho aqui indicar mais um blog que vale a pena dar uma olhadinha. Político, informativo e inteligente, o blog GaySame é o parceiro ideal do O Lado Sério.

Bem vejam a apresentação feita pelo próprio dono do blog:

“A idéia de criar um blog alternativo e com conteúdo nasceu quando estava olhando os blogs na internet. A maioria dos blogs que são voltados para o público gay é de fofoca ou de pornografia, nada contra, mas e o público gay que quer ver um conteúdo que agrega mais ao seu intelecto, vai aonde? São poucos os blog de conteúdo na internet !

Então com base nessa experiência de visitar os blogs disponíveis resolvi criar um blog para esse público, e ai veio o GaySame. A palavra GaySame significa ao pé da letra "Gay mesmo!", é uma expressão que eu criei que tem o conceito daqueles momentos que você já ta de saco cheio de tudo e diz para alguém: "Eu sou gay mesmo e dai? O que você tem haver com isso ?"

No blog as postagens são todos os dias, o slogan “... sempre um post inteligente..." é também baseado no estudo de que o que estou postando vai ser útil de alguma maneira para você que faz a leitura do blog, e nos posts sempre vai ter a referencia de onde se está deduzindo e concluindo as idéias apresentadas nas publicações do blog.”

Vale a dica dê uma olhadinha no blog clicando aqui.

Ass.: R

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 17 – Novembro/Dezembro


Chegamos ao último bimestre do ano, e nada de apartamento novo. Mas o início de Novembro vem com novos ares. Fui chamado de novo para empresa que dei entrevista anteriormente, e fui informado que não preenchia o perfil do cargo que candidatei, mas tinha o perfil de outro.

No começo fiquei chateado, pois o cargo era muito bom e este novo o salário era mais baixo. Mas, depois de alguns dias de testes, fui indicado para outro cargo, desta vez com o salário muuuuito melhor. Imagina meu sorriso. Tirei toda aquela sensação de fracasso das costas, pois o cargo era de extrema responsabilidade e sabia que não iria ser entregue a qualquer um.

Conheci meu futuro chefe/supervisor, gente muito boa que me deu uma aula sobre toda a empresa, conheci também minhas companheiras de trabalho, duas meninas geniais. Voltei ao meu emprego antigo na expectativa de ser chamado.

O dia chegou, pedi demissão e fui conversar com minha supervisora. Ao contrário dos vários que saíram de lá reclamando, não sou de cuspir no prato que comi, e falei muito bem da empresa, não é por acaso que este emprego que me fez firmar os pés aqui em São Paulo.

Meu novo emprego é num condomínio fechado na Lapa, mas passei por uma semana de treinamento na outra sede, que fica na Avenida Paulista. Pelo nível do local e do treinamento, me deixou muito seguro deste novo emprego é o melhor para mim e que minha vida estaria mudando daqui para frente.

Firmando os pés no novo emprego, eu e meu maridón tivemos uma conversa séria sobre nosso futuro, que consistia em não mudar mais com meu primo e sim partir para nossa vida a dois.

Então paralelamente a busca do ape do meu primo, eu e o L. começamos a procurar nosso próprio apê. Sem contar a cabeça começou a ficar a mil por hora, sobre o passo que estaríamos dando rumo à nova expectativa de vida.

Mas, a vida me mostrou nestes anos de vida, que quanto mais temos medo de dar um passo a frente, mas somos forçados a dar um passo atrás. E depois de sair do armário, conquistar um namoro de sete anos e vir aqui em São Paulo para ter uma vida a dois, não tinha por que eu atrasar todo o processo.

Por mais que eu estivesse morrendo de medo de saber como será, pois até agora dividíamos as coisas em três. O suporte do meu primo foi muito bem vindo no início, mas agora teríamos que dar um passo decisivo e as coisas ficariam um pouco mais complicadas.

Mas, o que na vida de um gay não é complicado. Se tenho uma família que me aceita, que ama o L. e estamos bem empregados, por que ter tanto medo de dar um passo tão decisivo. Será que devo deixar de ser certinho demais e começar a arriscar?

Mas, depois de arriscar e abrir a todos a relação com o L. e conseguir avançar esta fase, o que seria mais difícil??

A seguir: A busca do Apê! Surpresas no trabalho!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ode a República


Como podem acompanhar no nosso diário (Um Casal em Sampa), deixei meu emprego antigo e estou num novo emprego, num novo bairro (para mim) aqui em Sampa, estou na Lapa agora.

Bem, resolvi fazer este texto em homenagem ao bairro República, ao qual passei um ano trabalhando. E me trouxe uma nova cara de São Paulo.

Quando me estabeleci em São Paulo, fiquei freqüentador do meu bairro, na época, a Casa Verde Baixa, e também a Avenida Paulista, onde meu maridón trabalha. Mas, conhecendo estes dois bairros, você só tem uma visão superficial do que é São Paulo.

Quando fui chamado pelo meu emprego anterior, conheci a República.

A primeira visão te assusta, e com certeza me assustou muito. As belas ruas da Avenida Paulista não refletem as ruas da República, repleta de gente de rua. Pessoas maltratadas pela cidade, drogados, prostituídos e também algumas de má índole.

Você fica mais “esperto”, tem mais cuidado por onde passa, sabe as ruas melhores para andar e se familiariza com todo aquele visual novo.

No dia que fizemos uma tour pelo prédio onde trabalhava, ficamos um tempo no heliporto, e de lá tivemos uma visão geral da República, que mostra que como a gente perde tempo julgando o bairro e deixa de apreciar o local. Apesar de antiga, a estrutura dos prédios são lindas, alguns maltratados, outros restaurados. Aquele bairro remete a história antiga da cidade.

Você olha o povo que freqüenta e trabalha, e vê a miscigenação. Olhando para seus lados vemos imigrantes, católicos, evangélicos, budistas, roqueiros, hardcores, prostitutas, emos, gays, lésbicas, heteros, skinheads, góticos, gente de bem, gente do mal, gente em terno, gente em roupa de rua, gente com roupas alegres, gente trabalhadora, gente de rua, drogados, gente que ajuda os drogados, policiais, ladrões, afeminados, machões, mulheres machões, mulheres femininas, drag queens, modelos, cantores, atores, gente distribuindo sopa, gente mendigando, gente trabalhando, gente vendendo drogas, gente trabalhando no comercio informal, gente trabalhando no comercial formal...

Não há como ter rótulos, parece que parte do mundo e parte de cada tipo de ser humano esta andando por aquelas ruas. O que torna o lugar interessante e impressionante. Ao mesmo tempo em que já foi alvo de violência contra os gays, o lugar fervilha de lugares gls.

Também tem lugares para solitários, cinemões sujos prontos para sexo solitário, a dois ou conjunto. Mulheres de todo tipo de cores e tamanhos se oferecendo.

Enquanto isto, temos a Galeria do Rock, que é o símbolo máximo da mistura, trazendo andares que não ficam apenas no rock, tem lugar para musica black, soul, happy rock e até mesmo uma loja para quem cultua a dinastia hippie.

Esta é a República, suntuosa, as vezes assustadora, mas um lugar único aqui em Sampa. Quem não a conhece não sabe o que São Paulo tem a oferecer, seja de bom ou ruim.

Mas, fica meus parabéns a policia da cidade, desde que trabalhei lá, ao contrário dos meus amigos que foram assaltados no passado, não recebi nenhuma ameaça de roubo ou de perigo a minha vida. Pelo contrário, apesar do medo (meio preconceituoso), nunca realmente aconteceu nada que me pusesse em risco. O local esta visivelmente mais seguro nos dias de hoje.

Só tenho a agradecer a esta experiência. Pois com certeza, levo para o resto da vida.

República eternamente no meu coração.

Ass.: R

terça-feira, 28 de junho de 2011

Hoje é um dia especial.


Há exatamente 31 anos atrás nascia a minha razão de viver. Não estou sendo exagerado ou demagógico, apenas realista. Antes de encontrar esta pessoa, só era alguém trancado no armário sem uma visão de futuro.

Era apenas uma carne nova no pedaço nos locais gays do litoral. Até encontrar este meu amor, e ver que existe vida (inteligente) no mundo gay e que a realidade não era totalmente dura e inexpressiva enquanto ao futuro.

Com ele aprendi que dois homens são capazes realmente de amar, ser cúmplices e fieis um ao outro. Que poderíamos ser um casal normal, no mundo que nos acha anormais.

Hoje somos casados, nos amando cada vez mais, enxergando defeitos e sendo compreensíveis com eles, sendo o apoio um do outro neste mundão difícil que é São Paulo.

A vida não são flores, o relacionamento é tão difícil quanto qualquer relacionamento, mas a maturidade nos deu ferramentas para que isto sejam casos passageiros, que exijam pouco tempo de nossas vidas.

Hoje, meu maridón faz aniversário, só que a cada dia, quem ganha o presente sou eu. Pois a cada aniversario completo mais um tempo com ele ao meu lado.

E que seja eterno e dure!

Feliz aniversário, meu amor.

Obs.: Sexta-feira o blog volta às atualizações normais.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diário do Leitor


E trazemos mais uma colaboração de nossos ilustres leitores aqui no blog, o leitor Felipe resolveu falar de sua homossexualidade através de um belo texto. Dêem uma olhada:

Sobre Ser Quem Se É.

Não me lembro da primeira vez que nasci.
Não me lembro se foi bonito, se foi intenso, se foi um milagre. Sei que havia sangue e lágrimas, e que a partir dali eu já morria.
Mas, de qualquer maneira, lembro da segunda vez que nasci, e me lembro bem, com detalhes: sombras, luzes, gosto, cores e som.
Lembro da minha respiração no espelho. Lembro do meu medo - como na infância – do escuro e da solidão.

E acho que é sempre assim quando nascemos. O medo inevitável do que não sabemos, e da vida que teremos que aprender a conquistar – e aprender que é conquistável.

Em minha primeira vida estive grávido de mim mesmo, sem saber.
Dos sonhos que ainda não existiam, ou que resistiam sem mim.
Vivia a plenitude de estar quase absolutamente morto: Aprisionado em um corpo pequeno e frágil, nesta cápsula, nesta casca, nesta máscara em que juravam ver o meu rosto.

Revelar-me foi [ é ] uma atitude corajosa.
Cada dia correndo o risco da solidão, expondo-me ao caráter sádico dos espíritos humanos, ao prejulgamento e aos estereótipos.

Mas eu sou, sabe. Nesta vida mais que na outra: Acho que respiro outro ar agora, vejo em novos espectros de cores, e ando em estranhamento.
Passo após passo, surpreso com as surpresas.
Estranho todos eles. Os estranhos que me vêem sem me ver.

. . .

Naquele dia, contei meu segredo.
Chorei copiosamente e morri um pouco antes de renascer.
No banheiro, enxuguei na camisa meus olhos vermelhos, e vi o reflexo no espelho.
Eu me vi, pela primeira vez.

A maioria das pessoas nasce uma vez apenas, mas eu nasci duas.
Uma vez foi sorte, na outra escolha. Ambas destino.

Eu nasci naquele dia, depois do amor e da dor, e já não tinha nada a ver com isso – com quem se ama ou de que forma o faz – era apenas sobre ser o que se é.

E foi intenso e suave, como presenciar um milagre – só porque era a verdade.”

Maravilhoso o texto, gostei muito. E espero mais.

Quer escrever também o seu texto, mande e-mail para:
digaxisparaopassarinho@gmail.com ou 26raylight@gmail.com

O texto deve estar no corpo do e-mail, não em anexo.

Ass.: R

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um Casal em Sampa – Parte 16 – Setembro/Outubro


Bem, como faz muito tempo que não atualizado este blog, resolvi voltar estas postagens e dar uma atualização bimestre a bimestre do que rolou nas nossas vidas. Bem vindos de volta!

A expectativa do novo emprego cresceu, fiz nova entrevista, Mas, ainda sem retorno. Enquanto isto, meu primo roda o bairro atrás de um novo ape, temos 90 dias para sair (pois o ape que alugamos foi posto a venda) e meu primo durante 30 dias entre os meses de setembro e outubro estará viajando para fora. Então a urgência de se resolver este problema é grande.

O problema é o financeiro, meu emprego antigo ainda não dá expectativa de alugar grandes coisas, o que deixa o meu primo e meu maridón sobrecarregados com as responsabilidades.

Com as mudanças nos Bancos que presto serviço, a célula onde eu trabalhava deixou de existir, fui jogado sem pára-quedas numa nova célula com uma supervisora carrasca, que não está nem aí se estou bem treinado ou não, quer que eu faça tudo conforme o correto.

Meu primo conseguiu um apartamento para alugar antes de viajar, só que o proprietário faz milhões de exigências que fazem primo voar atrás de documentações. Depois de quase tudo certo, o proprietário volta atrás com os valores e pede novas documentações. Meu primo desiste do apartamento e vai viajar na incerteza.

O resto do mês, apesar da ameaça de chegar nova cartinha pedindo nossa retirada do apartamento, foi um pouco mais calmo. Com meu primo viajando um mês, eu e meu maridón ficamos sozinhos com as compras e contas, o que nos deus uma idéia melhor de vida de casados. Um mês só nos dois juntos. Que foi um grande sucesso.

A mudança de supervisora no serviço, deu nova expectativa e também consegui um pequeno aumento de salário. A coisa foi tão boa, que depois de um mês na nova célula, já estava ajudando os novos companheiros que entraram. Enquanto o novo emprego não surge no horizonte, me dedico ao atual, já que é ele que paga minhas contas.

Meu maridón continua sua subida de cargo e aumento de salário, o que me dá um orgulho enorme, em menos de um ano de emprego ele teve três subidas de cargo. A responsabilidade aumenta e com ela, várias horas extras. O que aplica certa solidão em mim, mas que eu sei que é necessário.

Meu primo volta de viagem, cheio de novidades sobre sua passagem pelo Oriente Médio, mas também voltamos ao antigo fantasma da futura saída do ape. Temos que voltar a procura de um apartamento, mas um pouco mais sossegados com o aumento de prazo que vai até início de 2011.

Vimos apartamentos ruins e também alguns que eram um sonho. Mas, infelizmente acabamos não fechando com nenhum e continuamos na expectativa da procura. A caça ao apartamento perdido continuava por mais alguns meses.

Mais expectativa que vão tumultuar mais ainda o próximo bimestre.

A seguir: Novo Emprego! Novas Decisões!

Leia também:

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