segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Diário do Leitor


Meu amigão E. se empolgou e nos presenteou com mais um texto (veja o primeiro texto clicando aqui). Desta vez ele vai um pouco para o seu passado e mostra suas primeiras experiências emocionais.

Nunca fui hetero convicto. Muito pelo contrário. Sempre soube que gostava de homens. Mas venho de uma família de mais três irmãos homens, que somente conversavam sobre mulheres, carros e futebol. Acabei tendo alguns relacionamentos com mulheres. Namorei, transei e por algumas vezes pensei que seria possível ignorar meu lado homossexual e aceitar a facilidade que era a aceitação da sociedade atual. Pensei, inclusive, que me casaria com minha última namorada. Ledo engano... Hoje ela está casada sim; mas não comigo!

O ano era 2006. Morava sozinho nessa época. Estava quase terminando meu curso de graduação. E estava tendo um, sei-lá-se-posso-chamar-assim, affair com minha vizinha. Mas era 2006 e após um jogo da Seleção Brasileira da Copa do Mundo da Alemanha, minha vida mudou completamente. Como muitos, fui assistir ao jogo na casa de um amigo. Bebemos um pouco e depois do fim do jogo descemos para nos encontrar com o resto da turma. Iria me encontrar com a minha vizinha. Tanto encontrei que fiquei com ela uma parte da noite. Mas também fiquei com mais alguém.

Fora da nossa roda de turma existia uma outra roda de um outra turma. E nessa outra roda, estava aquele que destruiu toda uma conduta que eu praticava há anos.

Nas minhas relações homossexuais, gostava de ter o controle da situação e, para isso, nunca me permitia mais de um encontro com o mesmo cara. Isso me deixava livre para dar "tchau e a bênção" e prosseguir com minha pseudo-vida heterossexual. Lembro de pedidos de namoro no primeiro encontro que sempre me deixavam enojados de mim mesmo. Sempre que saía com outros caras, voltava para casa arrependido e iniciava um processo de auto-flagelação, que me forçava a prometer que nunca mais iria me encontrar com outro cara. Algo dentro de mim lutava contra meu verdadeiro ser e, até aquele momento, era mais forte - sempre vencia. E eu vivia assim.

Me encontrava com um cara e depois passava três, quatro, cinco meses curtindo minha "heterossexualidade". Depois, algo falava mais alto e eu tinha que me encontrar com outro homem. Naquela noite de 2006, eu estava no meu momento heterossexual. Eu, ao lado da minha vizinha, notava que ele me olhava e aquilo estava me deixando muito tenso. E a partir daí, não queria mais estar ao lado dela...

Acordei ao lado daquele cara - tínhamos ido para a casa dele. Ele ainda dormia e eu, acostumado a acordar cedo, sentei-me na cama e fiquei olhando para ele. Pela primeira vez, não tive vontade de sair correndo. Pelo contrário, queria continuar ali, deitado ao lado dele. Mas olhei mais uma vez, dei um beijo de despedida e fui para minha casa, não sem antes deixar o meu telefone em um pedaço de papel. Cheguei em casa e fui tomar um banho. Dessa vez, não me esfolei com uma bucha vegetal e nem escovei os dentes repetidas vezes como sempre fazia ao beijar outro homem. Não chorei debaixo do chuveiro por ter ido para cama com outro homem. Eu percebi no momento que vi aquele cara dormindo, que poderia me apaixonar por outro homem. Não estaria infligindo minha natureza. Estava iniciando meu processo de aceitação. Eu era (e sou) gay! E foi aí que eu senti aquela dor. O soco no estômago. Ou a dor de uma úlcera gástrica. Ainda não sei distinguir...

Valeu, E.

E você, escreve seu texto também. Mande para o e-mail:
digaxisparaopassarinho@gmail.com

Atenção, mande o texto no corpo do e-mail, não mande anexo.

Ass.: R

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dicas de Música: Snow Patrol 2

A mais de um ano atrás, fiz uma postagem com dicas de música do grupo Snow Patrol. Agora retorno com mais algumas de minhas músicas preferidas (e de meu maridón).

A banda surgiu em 1994 com o nome de Shrug, fundada por dois irlandeses que estudavam na Escócia. A banda também se chamou Polar Bear e só em 1997 foi enfim nomeada de Snow Patrol.

Apesar de a banda ter estourado no mundo inteiro com uma batida meio pop por causa das versões mixadas e remixadas de "Open Your Eyes", ela não é tão pop assim. As músicas seguem um tom melódico e chega até às vezes ser um pouco “lentas” e com o ar de Lado B.

Trouxemos mais três músicas que estão nos nossos MP3.

A primeira é “Chasing Cars”, de 2006. Chegou às rádios e a grande público junto com a “Open Your Eyes”:



A segunda é mais atual, de seu mais novo álbum. A “Just Say Yes”:



E por último, dos longínquos anos de 2001, vem a “An Olive Grove Facing The Sea”. Que virou uma espécie de música tema nossa, depois que assumimos o nosso casamento e viemos para São Paulo.



Espero que tenham curtido esta nossa seleção do Snow Patrol, ainda mais esta última música que é tão significativa para eu e meu maridón. Em breve trago mais seleções.

Um grande abraço.

Ass.: R

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um Casal em Sampa – Parte 15 – Mudanças Again


Estas últimas semanas aconteceram várias transformações em nossas vidas, como um novo emprego em vista para os próximos dias, mudanças no meu antigo emprego e a venda do apartamento que eu alugo junto com o meu primo e meu maridón.

Pois é, estamos prestes a receber uma cartinha declarando que teremos que deixar nosso ilustre apê no prazo de 90 dias, pois ele foi posto a venda pelo proprietário. Algo que a gente não esperava tão cedo. Estávamos planejando ficar aqui até o ano que vem, quando teremos a possibilidade de comprar nosso próprio teto. Mas, nossos planos foram por água abaixo e nosso futuro teto também depende de meu futuro emprego.

No meu emprego atual, a seção onde eu trabalhava deixou de existir. Fui remanejado para outra seção, com a promessa de estar bem treinado para assumir minhas novas funções. Mas, isto não aconteceu, em menos de uma semana fui remanejado para novas funções e usar sistemas que eu nunca vi na vida. Após uma semana de stress, estou começando a relaxar agora, mas a gente se sente meio burro quando esta num lugar onde parece que todos falam grego.

Mas, como todos os empregos que já passei, onde não tinha nem noção da função, me saí muito bem, e não é este que vou me decepcionar.

Mas há outra luz no fim do túnel, um velho amigo de uma antiga empresa que trabalhei em Santos, me indicou para um cargo. Um cargo bom, com um salário ótimo e uma empresa de primeira. O problema, que tenho que ficar no aguardo, pois a empresa esta chamando aos poucos, e tenho sérios problemas de ansiedade.

Tendo este novo emprego nas mãos, seria muito mais fácil resolver o primeiro problema do teto. Talvez até pudesse alugar um teto só para o casal. Sem contar que iria deixar a bagunça que se tornou meu emprego atual.

Outro problema, é que daqui a algumas semanas, meu primo vai fazer uma viagem internacional e deixar o país por um mês. Então, a situação de alugar um novo apê é urgente.

Pois é, a vida não é fácil mesmo. Mas, tento acreditar que tudo vai correr bem e que eu e meu maridón vamos avançar mais um passo nesta nova vida de casado.

Ass.: R

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os tempos estão mudando mesmo?


Uma das coisas que mais influenciam o mundo é a moda. E grande divulgador da moda são a televisão, cinema e seus artistas. Atualmente esta rolando uma moda: sou gay e sou normal. Pelo menos uma moda que faz bem.

Infelizmente aqui no Brasil esta moda esta meio longe de pegar, como por exemplo, papeis de gays que deixam de ser gays nas novelas, e figuras públicas que negam sua homossexualidade e bancam os “heteros” ao lado de belas mulheres/modelos.

Enquanto isto, lá fora, esta rolando a mil maravilhas. Um dos casos é o ator e cantor John Barrowman, estrela do já clássico-cult programa da TV inglesa “Torchwood”. Apesar de dizer que houve resistência no inicio pela emissora, o ator logo depois saiu do armário e foi muito bem vindo. “Torchwood” parou de ser produzida, mas tudo indica que retornará.



Enquanto isto, o ator banca o galã conquistador e arrebata os corações das mulheres na série americana “Desperate Housewives” e no reality show “Dancing on Ice”. Quando teve tempo, abriu as portas de sua casa e de seu companheiro de longa data Scott Gill para uma revista inglesa. E mostrou que leva uma vida sossegada, com seu amor e os cachorros.


Nos Estados Unidos, o ator Neil Patrick Harris também nunca fez questão de esconder sua condição. Mesmo assim, vive um conquistador meio cafajeste na série “How I Met Your Mother” e ainda fez uma ponta na série “Glee”. Além de várias indicações e também convidado para ser apresentador de premiações.

No momento, ele e seu companheiro David Burtka vão ser pais de gêmeos. Ainda não foi confirmado se houve uma inseminação artificial ou vão adotar.


Outro também que esta sempre na mídia de mãos dadas com seus namorados, é o ex-ator de “Grey’s Anatomy”, TR Knight. Depois de um longo relacionamento com Mark Cornselven, o ator anda acompanhado de seu mais novo companheiro. Sempre indo a shows, festivais, cinema, como qualquer outro casal.

Bem, espero que esta moda realmente pegue. Já que o Brasil é tão conduzido por modinhas e vícios internacionais, pelo menos que sejamos contaminados com este outro tipo de vício.

Ass.: R

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Gay Notice: Personagen gay, casamento, adoção, galã gay e muito mais

E voltamos com mais um resumo de noticias do que mais importante rolou sobre o mundo GLS e seus interesses.


A nova versão de “Barrados no Baile” vai ter seu personagem gay, o ex-modelo e ator Trevor Donovan que freqüenta a série desde a primeira temporada com o personagem Teddy, vai se revelar gay nos próximos episódios e ter um relacionamento na série com um novo ator contratado.

Califórnia dá um passo atrás e proíbe o casamento gay. As tentativas de veto ao casamento homossexual que acontecem desde 2008, enfim fizeram efeito e a corte federal do estado decidiu pela proibição.

O ator Neil Patrick Harris, que faz o personagem Barney na série "How I Met Your Mother", revelou que ele e seu companheiro estão no aguardo de um casal de gêmeos. O casal que já esta há um longo tempo juntos, não revelaram mais detalhes da adoção.

O ator de teatro e TV Sergio Britto lançou sua autobiografia “O Teatro e Eu”, onde fala sobre sua carreira e também sua homossexualidade. Ex-galã da Globo, disse que até os dias de hoje, os galãs da emissora sofrem se forem gays.

O personagem de André Arteche que perdeu seu companheiro em um acidente de carro na novela “Ti Ti Ti”, poderá ter uma nova paixão, e nada impede que seja uma mulher. O que seria uma pena, estou cansado de “ex-gay” nas novelas globais.

Os três grandes vice-presidentes desta eleição aqui no Brasil: vices do Serra, Dilma e Marina, disseram que são favoráveis ao casamento gay.


Esta rolando o Mister Brasil Diversidade, que é concurso de beleza gay brasileiro, que terá sua final nacional no dia 6 de Setembro 2010, em São Paulo. São 27 gays masculinos, cada um representando um estado brasileiro, ou com vagas a mais em São Paulo, cidade de maior expressão e aceitação gay. Ficou interessado? Veja os candidatos clicando aqui.

Os Três jovens presos pelo assassinato do jovem Alexandre Thomé Ivo Rajão, de 14 anos, no dia 21 de junho, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e modo cruel de execução. Apesar de a mãe negar a homossexualidade do filho, esta quase comprovado que foi um crime de ódio contra os gays.

A cidade paranaense de Maringá é a primeira do Brasil a aprovar por meio de lei a implantação da “Escola sem Homofobia”, uma das deliberações da 1ª Conferência Nacional de Educação e que tem com o objetivo semear a tolerância no ambiente escolar. A lei terá como finalidade promover e facilitar a discussão aprofundada e qualificada da homofobia nas escolas. Além disso, disponibiliza R$ 20 mil para as despesas iniciais de sua execução.

Desde fevereiro Uganda vem discutindo um pacote de leis que prevê, entre outras medidas, a execução de pessoas homossexuais. E só piora com as declarações de Janet Museveni, primeira-dama de Uganda, que disse: "Nas palavras de Deus, homossexualidade atrai maldição. Mas agora pessoas envolvidas nela dizem que foram criadas desta forma. É por dinheiro que o diabo alimenta os incêndios que destroem nossa nação. Estão se aproveitando porque nosso povo é pobre",

A doutora norte-americana Maria New está sendo acusada de prescrever uma pílula pré-natal para futuras mães interessadas em coibir uma possível homossexualidade de suas filhas. Para bioeticistas e grupos LGBT, o uso do medicamento para "prevenir" homossexualidade do feto ainda no útero é inaceitável e pode levar à engenharia da orientação sexual.

Em breve, mais notícias.

Ass.: R

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Diário do Leitor

E trazemos mais uma colaboração de nossos ilustres leitores aqui no blog, o leitor Guh fala um pouco sobre fidelidade dêem uma olhada:


“Hoje eu estou meio chateado com uma coisa que aconteceu, ai resolvi escrever umas linhas, não conheço muita gente com visão crítica e não conheço muitos gays. Juntar os dois é praticamente missão impossível 4!
Enfim, esta aí meu drama de hoje rsrsrs

Mais uma vez aconteceu...

Hoje ganhei um presente de aniversário. No geral meu presente foi muito bom, mas eu preferia não ter ganhado nada. Conheci esse indivíduo num ambiente de trabalho. Logo que nos vimos percebi seu interesse. Eu tenho um problema sério de corresponder olhares, simplesmente não consigo. Não sei se é vergonha ou medo, ou talvez os dois. O caso é que não consigo ser receptivo a olhares: viro o rosto, esboço um desinteresse e, em momentos de tensão total chego a esboçar desprezo. Culpo-me por ser difícil demais, de ser o próprio culpado de não sair com muitos caras. Na verdade fico até meses sem ficar com ninguém.

Mas o que houve com esse tal, que hoje conseguiu quebrar essa barreira e me conhecer um pouco? Bom, essa foi uma das raras vezes em que consegui ser mais forte que o medo e a vergonha e corresponder. Por que preferia não ter ganhado meu presente? Bom, ele era casado. Péssima coisa de se saber do cara que você acabou de transar. Ainda mais se você é daqueles que tem fé num relacionamento baseado em confiança. Pra essas pessoas, assim como eu, é como uma rasteira. Para os mais dramáticos, assim como eu, é algo meio Maysa “Meu mundo caiu”.

Fiquei sabendo desse detalhe matrimonial minutos depois do fato consumado, numa conversa casual. Naquela hora me senti o pior dos seres, mas engoli o gosto azedo da decepção e, apesar de querer virar pó ali mesmo, fiz uma cara de curiosidade e o perguntei o porquê da traição. Ele alegou que gostava muito do seu marido, mas que ele não o completava (lê-se: não o satisfazia na cama). Senti-me mal por ser aquele que foi procurado para preencher o vazio que ele não satisfazia em casa.

Depois, sozinho num ônibus e refletindo, percebi que me envolvi sexualmente com poucos homens e todos eles tinham um tipo de compromisso, seja um namorado, um marido ou ainda esposa, namorada. Pensei comigo mesmo “Porra, mas eu sou muito pé frio”. Não sei se tenho algum imã pra gente comprometida que só quer casualidade quando eu quero mesmo é distância disso ou se tenho uma inscrição na testa dizendo “casados, aqui”.

Enfim, auto piedade à parte, fiquei pensando que o mundo está cheio de gente insatisfeita em seus relacionamentos. Por que tantos homens e mulheres acabam procurando em desconhecidos satisfação que não encontram mais em seus companheiros e companheiras? Entendo que é difícil resolver essa charada. Há sentimentos em jogo: muitos amam seus parceiros e não estão dispostos a terminar o relacionamento e, contar que gostariam de fazer sexo com outras pessoas de longe uma das coisas mais desagradáveis de se contar. Pior ainda deve ser ouvir isso do ser amado.

Nesses momentos a tristeza bate porque eu, como ser que nunca teve um relacionamento sério, perco um pouco a esperança de encontrar alguém que valha à pena, fico mais desconfiado de quem se aproxima e menos empolgado com os homens ao meu redor. Mas não aceito isso como minha realidade. Pra isso eu faço birra, bato o pé e continuo procurando aquele cara que será O CARA. Não sei se sou muito iludido ou estou em negação, mas se não encontrar meu CARA, acho que vou morrer nessa fantasia. Rs”

Adorei o desabafo do leitor e fico meio triste sobre a infidelidade. Mas, cada cabeça uma sentença.

Quer escrever também o seu texto, mande e-mail para:
digaxisparaopassarinho@gmail.com

O texto deve estar no corpo do e-mail, não em anexo.

Ass.: R

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Explicações ;)

Bem, gente. Estes dias fiz um treinamento na empresa onde trabalho, então só tive tempo para me dedicar ao DXPP e ao HotDXPP. Mas, calma. Já tenho postagens programadas e feitas. A partir de segunda-feira voltámos ao ritmo normal.

Com mais Diário do Leitor, Um Casal em Sampa, Gay Notice e dicas.

Até mais.

Ass.: R

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dicas de Música: Cowboy Junkies

Aprendi a gosta desta banda com o L. Tudo começou logo depois de conhecermos, durante nossas noites de encontros no barzinho gay Help em Santos, trocávamos mimos como desenhos, declarações e no caso do L., discos gravados com músicas de sua preferência.

Foi então que ele me apresentou o grupo canadense, formado pelos dois irmãos (e uma irmã) Timmins e o amigo Alan Anton. A primeira música que eu escutei do grupo foi “Sweet Jane” que você pode curtir logo aqui embaixo:



A segunda música que comecei a curtir, mas já estávamos morando aqui em São Paulo, foi a “Angel Mine”. Presença garantida em meu MP3 nas idas até o serviço. Veja ela abaixo:



E por último, a mais recente em minha playlist, a música “Hold on to Me”, infelizmente não tem clipe, mas dá para curtir a bela melodia também:



Infelizmente, desde 2007 que o grupo não grava músicas novas. Mas, fica a dica. Corram atrás da discografia, que vale muito a pena.

Ass.: R

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Gay Notice: Parada Gay, homofobia, Miss Travesti, casamento gay e muito mais.

E voltamos com mais um resumo de noticias do que mais importante rolou sobre o mundo GLS e seus interesses.


A parada gay em Estocolmo foi um grande sucesso, alcançando um público de trinta e cinco mil participantes. Entre celebridades, políticos de olho na eleição que acontece no mês que vem, também participaram.

A partir desta semana, casais gays podem retificar seu imposto de renda. Se o casal apresenta uma união estável de mais de cinco anos, se um dos lados não tiver declarado, pode entrar como dependente na declaração do companheiro.

Apesar de estar em ação desde 2001, a lei contra homofobia ainda é branda, e até hoje houve 144 denuncias, sendo várias arquivadas, ou os réus foram absolvidos, advertidos e apenas 7 delas rendeu uma multa ao favor do denunciante.

O Miss Travesti América do Sul, que aconteceu neste fim de semana na Bolívia, só apresentou apenas 5 candidatas. Não houve mais candidatas, pois faltou verba para a viagem. A grande vencedora foi Ambra Anahí Rumbea, do Equador.

Estudo americano afirma, assumir cada vez mais cedo sua homossexualidade, melhora a auto estima do gay, o crescimento e a maturidade sexual.

Ex-BBB e gay assumido, Jean Willys, é candidato a deputado pelo Rio de Janeiro.

Vinte alunas de uma escola feminina do Zimbábue foram presas acusadas de "atividades lésbicas". As prisões aconteceram na última semana, quando policiais invadiram a Escola Eveline, de Ensino Médio.


A edição de Outubro da revista Ultimate Spider-Man (Ultimate Homem-Aranha), traz um casal gay de fundo em sua capa. A capa feita pelo artista latino LaFuente, traz alguns casais apaixonados, entre eles um casal interracial e um homossexual.

Aconteceu o primeiro casamento gay na Argentina, os noivos são o arquiteto José Luis David Navarro, de 54 anos, e o funcionário público aposentado Miguel Angel Calefato, de 65. Os dois estão juntos a mais de 27 anos.

Google e You Tube entram em polêmica, após censurar um beijo lésbico em um vídeo. O vídeo intitulado "Double Rainbow", recebeu uma mensagem dizendo ter conteúdo inadequado e pede uma verificação de idade. A empresa que fez o vídeo, postou uma versão com a imagem do beijo borrada e acusou o servidor de homofobia.

Uma festa promovida por uma organização gay num hotel no México acaba em tragédia. O hotel Italian Inn foi invadido por um homem armado que matou dezessete pessoas e deixou mais dezoito feridas. Segunda a policia, o crime pode ter sido por causa de uma cartel de drogas próximo e não por motivo de crime de ódio aos gays.

Geoffrey e Rusty foram escolhidos como o "Top Casal da América" em uma promoção dos produtos Johnson & Johnson. O casal gay que compartinhou sua história de amor com a marca de lubrificantes KY virou notícia em uma revista norte-americana de circulação nacional.

Assim como aconteceu na novela “América” aqui no Brasil, o aguardado beijo do casal gay da novela “Morangos com Açucar” de Portugal não aconteceu. Os diretores da trama, encima da hora resolveram suspender a cena.

O fotógrafo Frank Melleno, figura conhecida na cena gay californiana, resgatou a história do Fairoaks Hotel na coletânea de fotos "Fairoarks Project". O hotel que foi o grande hit entre os gays nos anos 70, em São Francisco, agora revive sua glória em fotos antigas e até inéditas.

Em breve voltamos com mais noticias ;)

Ass.: R

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Diário do Leitor

Hoje a seção Diário do Leitor traz uma participação especial, um grande amigo meu que surgiu na internet, e apesar de nossos tempos não deixar um maior contato, espero que seja uma amizade bem duradoura. Saiba mais dele clicando aqui.

Agora chega de papo e vamos ao texto do E.:



"Primeiramente, gostaria de parabenizar aos grandes amigos R. e L. pelo blog. Como muitos, leio o blog e fico muito feliz com os diários do casal e as informações sempre relevantes que o R. nos passa. E ainda fiquei muito surpreso e grato com o convite feito para que nós, leitores do blog, pudéssemos compartilhar nossos medos, angústias, alegrias e, é claro, nossa biografia!

Gostaria então de relatar algo que recentemente aconteceu comigo. Na verdade, não foi um fato em si, e sim, um sentimento que me tomou e acredito que já deve ter tomado muitos gays.

Mudei-me para BH após algum tempo trabalhando no interior de Minas. Trabalhar em cidades de 8, 10 mil habitantes requer uma conduta estritamente profissional, em que não cabe detalhes da sua vida pessoal nem mesmo nos momentos de lazer no cafezinho. E foi assim: após 1,5 anos trabalhando no interior, apenas uma colega de trabalho soube que eu era gay e conheceu o meu namorado. Transferi-me então para a capital para continuar meus estudos.

Passei a integrar então uma equipe de trabalho com sete pessoas no total. Quatro mulheres e três homens. As mulheres ou eram noivas ou eram casadas. Dos homens, somente eu não era casado. Meus dois outros colegas de trabalho exibiam duas grandes alianças douradas que simbolizavam sólidos casamentos. Porém, qual foi minha surpresa, quando durante a primeira confraternização da equipe, um dos meus colegas chegou acompanhado pelo seu marido. Casado há oito anos, esse colega nos confidenciou que há muito havia se assumido gay e “casado” com seu esposo. Naquele momento fui tomado por um estranho sentimento de maioria. Afinal, dos três homens daquela turma, dois eram gays, e acreditei que por isso, nada me atingiria. Poderia ser eu mesmo sempre, que a tal maioria, como acontece em todas as sociedades democráticas, me defenderia de qualquer situação, até mesmo constrangedora. Na verdade, criou-se uma empatia e confidencialidade em toda turma e a questão da sexualidade nunca foi levada em consideração quando, por exemplo, algum engano ocorria durante as tarefas. O fato de ser gay, não foi determinante em nenhuma das decisões. A sexualidade era pano de fundo somente para conversa de boteco. Tudo bem que ser maioria me deu coragem para não me esconder como fazia quando morava em uma cidade do interior. Carinhos em público no meu namorado, demonstrações de afeto dentro do carro, enquanto aguardava o semáforo abrir. Nada agressivo. Tudo isso possível ao sentimento de fazer parte de uma dita maioria.

Um tempo depois, porém, este mesmo colega, que me possibilitou ter esse sentimento “estranho”, por motivos pessoais, pediu transferência para outra instituição. Levei uma “rasteira”. Depois de um tempo como maioria voltei a ser minoria. Sim, porque na nossa sociedade ser gay é sempre ser minoria. E havendo agora um heterossexual e eu, homossexual, sempre me tratariam como a minoria, mesmo estando um a um. Pelo menos foi o que eu pensei no primeiro momento. Foi esse sentimento que me consumiu de forma totalmente ingênua e infantil.

Um tempo depois me re-encontrei com esse colega. E confidenciei a ele essa mutação de sensações. Mais vivido, ele friamente me analisou e disse: “Não acho que ser maioria ou ser minoria esteja em questão. Você não foi aceito por que eu também sou gay. Eu sou muito diferente de você. Você foi aceito por competência. Assim como eu. Você se deu muito pouco crédito...” Fui para casa e fiquei pensando nessas palavras. Conversei depois com alguns desses colegas – com aqueles com quem tinha mais intimidade e todos foram unânimes em afirmar que nunca consideraram minha sexualidade em qualquer questão relativa ao nosso convívio. E fui para casa feliz. Sem me importar se era maioria ou minoria. Afinal, depois de ter estudado, formado, trabalhar para ganhar meu próprio dinheiro, não deveria levar em consideração a minha sexualidade para o meu sucesso profissional. Minha sexualidade não pode e não deveria interferir na minha vida profissional. Afinal, eu não assumo minha posição profissional por ser gay. Eu sou gay e trabalho...

E foi assim que virei mais uma página da minha vida. E solidifiquei mais um alicerce. E para não fugir dos clichês, concluo com a mensagem de um filme do qual sou muito fã (lembra dessa R.?): não importa quem você é, é o que você faz que o define. Levo isso sempre na minha vida – pessoal ou profissional. Tanto faz..."

Valeu pelo texto, amigo.

Ass.: R

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