terça-feira, 31 de março de 2009

Terror no Drive-In

Eu sei que esta parecendo “Aconteceu comigo” do Gugu, mas eu tenho que dividir este trauma com vocês (hehehe). Eu e meu distinto namorados estávamos namorando na Barraca da Cris em São Vicente, quando bateu aquele tesão, sim, aquele bem forte.

Tínhamos pouco tempo, então a sugestão que caiu para nós dois foi: “vamos ao Drive-In” pegar uma horinha. E fomos ao tal, e com aquela curiosidade de conhecer como era um drive-in.

Entramos de carro, o cara perguntou se queríamos TV, eu já falei: SIM... achei que com isto o tal “quarto” seria melhor. E ganhamos uma batatinha chips de brinde :D

Chegamos com o carro no tal “quarto”, que era uma grande garagem escura, com uma porta de lona, uma pia toda queimada de cigarro e três paredes de tijolos. Aquela sensação, de estar fazendo sexo num lugar que a qualquer momento alguém pode chegar.

Nosso tesão era maior, mandamos um grande foda-se, e mandamos ver. Criatividade a mil no sexo dentro de um carro. Quando enfim chegamos ao ápice, e estávamos aliviados. Bateu a sensação: vamos embora agora!!!

Nem tínhamos ficado uma hora por lá, mas não queríamos prolongar aquilo. Sim, não quero parecer fresco ou cheio de “não me toques”, mas o lugar era porco demais. Daquele que você fica com medo do chão, ou de tocar em alguma coisa do local.

O mais engraçado, é que pegamos o interfone e avisamos que estamos saindo, o cara chegou na porta da garagem, e antes de abrir a lona disse: “posso abrir”. Sabe, como se você tivesse provando a roupa no vestuário. Sem contar com o casal da garagem ao lado, berravam que daria para escutar fora do lugar.

Na hora de pagar, parecia aquela gavetinha de presídios, onde você coloca seus pertences, quando a porta do lado abriu, entrou um cara de moto, andando atrás dele uma travesti imensa e loira.

Saímos de lá, e concordamos, foi a primeira e única vez. Sem contar, que quando saímos, o cara só deu uma olhada na garagem, e já liberou para o próximo, não rolou nem limpeza :D

Pois é, primeira e última experiência em Drive-In.

No more :P

Ass.: R

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Beijo que Ofende


O beijo gay é um tabu. Hoje estão pipocando casais gays e lésbicos em novelas globais ou mutantes, mas eles são proibidos de se beijarem. Mas, já é uma evolução, já que o casal lésbico de “Torre de Babel” teve que morrer na explosão do shopping, por falta de aceitação do publico :P

Glória Pérez passou grande parte da etapa final de “América” divulgando o beijo gay do Bruno Gagliasso, não aconteceu. O casal gay de “O Paraíso Tropical” era tão discreto, que a gente até esquecia que era um casal.

Enfim, o beijo gay aconteceu, foi na minissérie “Queridos Amigos”, mas só um detalhe, um beijo forçado de um gay em seu amigo heterossexual. Que grande evolução da dramaturgia. Eca.

O beijo virou um problema numa praia de nosso litoral brasileiro, um casal gay foi espancado após darem um selinho no meio da praia.

Estes dias atrás, estávamos na Barraca da Cris, para os poucos que não conhecem, é um grande quiosque na praia vicentina, divulgadamente e catalogadamente GLS. É de conhecimento geral que dentro do quiosque e envolta dele, haverá gays, e eles se beijam.

Estava eu no carinho com o L., e taquei um beijo. Um casal heterossexual, que resolveu passear na praia bem naquele lugar em pleno sábado a quase meia-noite, nos olhou tão enojado, que quase fui verificar se estava com as calças cagadas.

É a realidade, o beijo gay da “nojinho” nas pessoas. Num mundo com tantas atrocidades, e enojante ver duas pessoas apaixonadas, e sem nenhum mal na mente, apenas fazendo carinho um no outro?

Enquanto mulheres mostram peitos ao vivo no BBB, pessoas se estapeiam em programas como "Márcia" e "Ratinho", e as novelas fielmente acompanhadas tem sempre como tema algo relacionado a traição e promiscuidade. O beijo gay ainda discriminado.

Pois é.

Ass.: R

quarta-feira, 25 de março de 2009

De Jamiroquai a The Verve

Esta semana estou com três coletâneas de DVDs que o L. deixou comigo: Sonic Youth, The Verve e Jamiroquai. Confesso que nem cheguei perto do Sonic Youth... não gosto mesmo :D

The Verve, são poucas músicas que gosto, mas as poucas eu gosto muito. Entre elas a ultra-super-tocada-até-encher "Bitter Sweet Symphony", além de "Lucky Man", e a baladinha "Sonnet", que você pode ver abaixo:



Já o Jamiroquai, eu adoro. Aquele cara louco que não para num canto. São várias músicas e clipes que eu gosto muito. Foi dificil, mas escolhi umas das mais recentes (nem tanto), a "Alright".



Nada como a música.

Ass.: R

Solidão e Homossexualidade


Infelizmente, fica difícil afastar as duas palavras, pois por mais que lutamos e ganhamos direitos, as coisas sempre pendem para a solidão, é claro que há casos e casos.

A solidão não escolhe classe, sexo, idade, cor ou qualquer distinção diferente de ser humano. Podemos nascer com ela, ou adquiri-la nos passar dos anos.

Desde criança, até pouco mais acima da adolescência, fui muito retraído, e cheguei até ser auto-suficiente. Sim, gostava de ficar só, desenhando, escrevendo, as poucas vezes que saía, ia só, principalmente ao cinema.

Chegando aos meus vinte e poucos anos, a solidão foi me dando pontadas, nada muito forte, apenas a crise de falta de relacionamento, mas algo que eu poderia conviver e suportar.

Quando passei por uma situação com meus pais, perdi um deles e fiquei a ponto de perder outro, cheguei em casa e me vi sozinho, aquilo soltou o gatilho. A partir deste momento passei a ser perseguido por ela, a solidão.

Hoje, tenho um relacionamento firme, de quase 6 anos. Mas, a homossexualidade nos tira certos direitos. Por mais que a família de meu namorado saiba do relacionamento, as coisas não são levadas muito a sério.

Sim, tenho que admitir, se fossemos um casal heterossexual, as coisas seriam mais fáceis. Hoje, tenho muito pouco tempo para namorar, por ocasião de problemas familiares do meu namorado, e fica nítido, que se fossemos homem e mulher, estaríamos mais tempos juntos.

Mas, infelizmente, vivemos num mundo, onde o relacionamento gay esta bonitinho na televisão, mas não é levado muito a sério. Não há muito respeito. Em parte por culpa de uma parcela de homossexuais que não se levam muito a sério, e outra pela falta de evolução de certas mentes.

Enquanto isto, estamos assim, sós na multidão.

Ass.: R

terça-feira, 24 de março de 2009

O Outro Diário de Bordo 2: curiosidades e descobertas


Pode até ser que eu esteja errado, mas duvido que haja algum homem no universo, seja heterossexual ou homossexual, que não tenha participado alguma vez dos infames troca-troca entre molecadas na pré-adolescência. Todos passam por isso. E no meu caso, o ocorrido, por mais inocente que tenha sido, foi imprescindível para que eu entendesse o que sou, o que me agrada e o que não me agrada. E realmente foi bastante inocente - não podemos nos esquecer que, há quinze anos atrás, a Internet era uma utopia e os jovens não tinham acesso tão fácil e rápido a qualquer espécie de informação.

A rua em que moro sempre foi bem tranqüila, daquelas em que as crianças podem brincar sozinhas até a noite, e eu tinha amizade com todos os garotos da minha faixa etária. Andávamos sempre juntos e esta fase compartilhei com todos eles. Tinham, entretanto, três garotos com a minha mesma idade (na época 13, hoje 28) que eram mais próximos, e foi com estes três que as experiências tornaram-se mais fortes. Quando estávamos somente nós quatro, com certeza não saía coisa boa! Hahaha.

O garoto A. foi o primeiro. Um dia ficamos sozinhos, e no meio de uma sessão de masturbação, decidimos que seria legal um bater para o outro (!). A partir daí, sempre dávamos um jeitinho de nos separar da turma para ficarmos sozinhos e fazer as coisas ao nosso modo, que era muito mais divertido. Em seguida, começaram a participar das brincadeiras o garoto B., vizinho de porta como o A. e meu melhor amigo, e o garoto C., primo do B. que morava em outra cidade mas passava as férias sempre conosco.

Com eles, experimentei as primeiras emoções e uma leve idéia da complexidade que é envolver-se sexualmente com alguém - nesta época aprendi o que é sexo oral, quais eram os pontos da anatomia mais sensíveis ao toque, qual era a sensação de tocar a nudez de uma pessoa do mesmo sexo. E tive a certeza do que eu sou nestes momentos, já que eu era visivelmente o mais empolgado, na falta de uma palavra melhor, quando surgia a possibilidade de nos reunirmos para dar voz às nossas curiosidades naturais.

Nesta época, também senti traços do que hoje digo que foi a primeira vez em que senti algo próximo a amor. Rolava uma taquicardia violenta quando o garoto B., o mais boa-pinta da turminha, estava presente nas brincadeiras, e sentia um pouco de raiva (que hoje sei que na verdade era ciúmes) quando ele, em meio aos nossos joguinhos sexuais, aproximava-se mais dos outros meninos. Claro que nunca aconteceu nada além disso. Não tínhamos maturidade suficiente para compreender o que se passava em nossas mentes e, de qualquer forma, aquilo tudo para nós era somente uma grande brincadeira. Por incrível que pareça, não havia malícia.

Estes eventos duraram até os nossos 14 anos, quando a turminha começou a se dispersar gradativamente, por coisas da vida: um se mudou, o outro foi estudar em outra cidade... Ainda tenho contato com meus três amigos mais próximos, e dos três, fui o único a me descobrir homossexual. O garoto A. mora em uma cidade vizinha com uma namorada, mas sempre está por aqui e conversamos bastante; o garoto B., o tal amor platônico, engravidou uma menina e, mais tarde, amigou-se com outra que também teve um filho seu; e o garoto C. não aparece mais na rua, mas sempre nos vemos pois trabalha no mesmo prédio que eu. Ele não é casado, mas tem três filhos, cada um de uma mãe diferente (!!).

Ainda hoje, quando nos encontramos, comentamos sobre o que compartilhamos no passado e damos boas gargalhadas - à exceção do garoto C., que não pode nem ouvir falar disso que já quer sair esmurrando meio mundo (mesmo sendo, ironicamente, o mais "passivo" nos nossos joguinhos e, conseqüentemente, aquele que eu poderia jurar que se descobriria gay no futuro). Curiosamente, um dos garotos da rua, que NUNCA participou de qualquer intimidade com o resto da garotada e para nós não passava de um menino muito esnobe, mais tarde confessou seu homossexualismo a mim e tornou-se o pivô de um momento bem traumático de minha vida no que diz respeito a relacionamento afetivo.

Mas isto é assunto para um capítulo futuro. Até a próxima! ;-)

Ass.: L

O Outro Diário de Bordo: o início


Até onde posso me lembrar, sempre tive plena consciência de minha homossexualidade. Desde pequeno mesmo, desde os tempos do colégio, desde os 10 ou 11 anos. Nunca precisei de nenhum teste, nenhuma prova: eu simplesmente não olhava para as meninas, e sim para os meninos. As famosas e clichezentas brincadeiras de médico só poderiam ter meninas se elas fossem secretárias ou moças da limpeza. Hahaha!

Claro que o comportamento masculino, ou o que se espera de um comportamento de um moleque, não mudou. Sempre gostei de brincar com carrinhos, jogar bola na rua, elaborar centenas de histórias de ação com minhas coleções de bonecos do He-Man e do Comandos em Ação. Sem querer desmoralizar ou denegrir a imagem dos gays mais, na falta de uma palavra melhor, delicados (se o termo saiu grosseiro, peço mil perdões, de verdade), nunca me deixei dominar por trejeitos, nunca tive intenções de "virar uma mulher" ou agir como uma, e sempre tentei manter uma postura extremamente masculina.

Sem falsa modéstia, acho que sou bem-sucedido, pois até hoje muita gente sequer desconfia de minha condição sexual. E olha que quase 90% do meu ambiente rotineiro é de predominância hétero.

O que não significa que eu não conviva bem com o que sou. Adoro ser gay, de verdade. Nunca tive qualquer espécie de conflito interno, nunca pirei e sempre me dei muito bem comigo mesmo do jeito que sou. Nunca senti a menor culpa por desejar outros homens. E olha que aprontei muito, muito mesmo! Embora não tenha a menor vontade e o menor talento para a poligamia, para a promiscuidade ou para a prática do coito com vinte sujeitos a cada semana (!!!), não posso negar que tive uma adolescência e início de fase adulta muito agitadas em termos afetivos e principalmente sexuais - tudo, claro, com sua devida proteção.

Acho que até mesmo por ter tido uma vida sexual bastante ativa, hoje me sinto muito mais tranqüilo e interessado somente em curtir uma vida de casado com um parceiro fixo, de preferência que eu ame e que me ame também (certamente o meu maior acerto até agora).

Antes de tudo, porém, não nego que até tentei experimentar uma vida hétero - nada de sou-cheio-de-conflitos-porque-sou-bicha ou de eu-não-pedi-pra-ser-assim-e-quero-morrer, eu simplesmente queria ter uma garota para ter certeza do que MEU CORAÇÃO queria. Aos 13 anos, namorei uma menina por quatro meses e ela quis terminar porque "me achava muito devagar" (hahaha), tanto que neste meio tempo o máximo que fiz foi meter as mãos nos micro-seios dela. Na escola, troquei beijinhos com uma ou outra garota, mas também nada de mais. E a cada um destes beijos, mais certeza eu tinha de que o meu negócio era homem mesmo. Lascou-se tudo! Hehehe.

Meu primeiro contato com o mundo gay aconteceu aos 13 anos mesmo, da forma que começa para a maioria: com a molecada vizinha, uma turma de uns 7 ou 8 meninos, todos da mesma faixa de idade (entre 13 e 16 anos), em brincadeiras até inocentes. Todos nós tínhamos pais que trabalhavam o dia inteiro, irmãos que estudavam à tarde, e como estudávamos na parte da manhã, tínhamos a tarde livre e uma penca de "casas vazias" para explorar nossa sexualidade da forma que quiséssemos.

Então, sempre tinha um que aparecia com uma revistinha de sacanagem, outro que descobria uma fita VHS pornô escondida no armário do irmão mais velho... e lá ia todo mundo para a casa de um ou de outro, para ver o filme, ler a revista e, óbvio, fazer aquelas infames brincadeirinhas de comparar o tamanho e os detalhes. Para os mais novos, era muito engraçado ver a nudez dos mais velhos, já com pêlos pubianos e bem mais, er, desenvolvidos. Daí para os campeonatos de bronha foi um pulo. Alguém colocava um filme pornô pra rodar e todo mundo começava a se masturbar ao mesmo tempo, todo mundo na frente de todo mundo - mal sabiam eles que eu já me masturbava não pensando no filme, mas sim na visão que o evento me proporcionava... Hahahaha!

Desta turma, tinham três garotos que eram os mais próximos a mim, e que seriam meus "parceiros" nas descobertas mais, digamos, intensas. Mas esta história fica para a próxima. Muita água ainda vai rolar! ;-)

Ass.: L

Diário de Bordo 5: o encontro oficial.


Eu saí do bar com uma sensação hiper estranha. Havia comentado com ele, que estava ainda meio caído pelo meu ultimo namorado, e precisaria levar um tempo. Mas, as coisas eram diferentes agora. Aquele cara que eu estaria inicialmente (e futilmente) levar para cama, tinha realmente mexido comigo. E eu o amaldiçoei mentalmente, quando ele disse que teria que ir embora, e com isto aquele papo tão fluente estava acabando. Trocamos telefones, e fiquei na expectativa.

No dia seguinte, nos falamos no telefone. Ele ria muito, parecia nervoso, e nem imaginava o quanto eu também estava nervoso do outro lado. Marcamos para mais tarde. Eu que não era muito ligado em roupas, comecei a escolher o que melhor se encaixava. Sai de casa, e encontrei minha prima no portão, ela me disse que eu estava muito bonito. Aquilo me encheu de forças. Cheguei ao ponto de ônibus, e meu celular deu um toque, e vi um telefone estranho. Achei que era ele, mas era outra pessoa. Era um tipo de telemensagem com uma cantora (que eu odiava por sinal), que havia sido enviada pelo meu ex-namorado.

Fiquei naquela, parado no ponto olhando para o celular.Liguei para meu ex-namorado, ele disse que estava testando este novo serviço, e começou a puxar papo e perguntando se eu tinha algo para fazer mais tarde. Meu cérebro entrou em curto, pois há muito tempo esperava o reencontro, e ter uma nova oportunidade com ele. Quando olhei para frente, vi o ônibus se aproximando, e tomando as maiores forças e coragem do mundo, disse que já estava de saída. Ele se desculpou e mandou um beijo, e não tive coragem de corresponder e disse tchau. Aquele caminho até o bar, parecia longo demais, e meus pensamentos iam e voltavam, e olhava varias vezes para o celular.

Pensava em desmarcar e encontrar meu ex, mas fiquei naquela, sentido e lembrando da sensação boa que tive no primeiro contato com meu futuro encontro. Disse em voz baixa um foda-se e segui no ônibus. Cheguei lá, e logo depois ele chegou, pegamos uma mesa, desta vez eu não ficaria na solidão do balcão. O papo continuava bom, adoro a voz dele, o jeito de falar. Mas, insistia da gente tentar se conhecer, rolar uma amizade e depois namoro. E eu teimava dizendo que queria namorar e pronto. Passamos a noite inteira falando das experiências amorosas anteriores, de trabalhos, gostos de musicas, e é claro, a costumeira mania de tirar sarro de algumas figuras estrambólicas que apareciam por lá.

A sintonia era incrível e inimaginável. Pela primeira vez senti certo esquentamento na parte detrás da nuca, quando ele encostou-se a minha mão. As coisas deram certo aquele dia? Pode ter certeza, ainda mais que aquele dia esta durando quase seis anos.

Ainda lembro do primeiro beijo escondido na praia à noite. Do primeiro filme no cinema de mãos dadas. Do primeiro encontro com minha família. Das minhas revelações as minhas primas. De nossa primeira viagem. De nossa primeira ida a São Paulo. E da primeira vez, que numa praça de São Vicente, eu virei para ele e disse que o estava amando. E das tentativas frustradas de meus ex-namorados que tentaram um novo contato. Da primeira vez que entramos numa boate de mãos dadas. Do primeiro dia dos namorados. Do primeiro dia que entramos num motel, e estávamos muito nervosos com nossa primeira relação sexual. Das primeiras confidencias. Dos primeiros aniversários.

E com certeza, reviveria todas as decepções com meus antigos namorados, só para depois encontrar meu grande amor, e viver estas primeiras emoções. Que gostaria que fossem eternas, como as primeiras promessas.E que descobri que sofri de paixão pelos meus ex-namorados. Mas só dele, que senti amor.

Pois paixão é quente e passageira.

E amor é terno e eterno.

Eu te amo.

Diário de Bordo 4: um banquinho e um balcão


Meu último serviço era meio escravo, o que me dava poucas oportunidades de férias. Então quando conseguia dez a quinze dias, era fantástico. Lá estava eu em pleno domingo, querendo usar meu penúltimo dia de férias, já que na terça-feira eu teria que voltar. Ainda triste pelos acontecimentos amorosos, convidei meu primo para irmos pegar uma mesinha no finado barzinho GLS Help.

Mas, encima da hora, meu primo me deu um cano. Fui eu lá, e peguei meu famoso banquinho em frente ao balcão, e curti minha assustadora solidão com meu copo de soda. No meio da noite, senti que estava sendo observado, o que não era novidade naquele ambiente. Fitei meus olhos na pessoa, e lá estava ele sentado numa mesa com mais dois amigos. Usava uma blusa listrada, magro e com um rosto marcante. Ao passar do tempo, conforme nossos olhares se cruzavam, ele meio que no nervosismo, tirava e colocava a blusa.

Eu tenho até um pouco de vergonha de dizer, que naquele momento, tive um grande impulso sexual por aquela pessoa.A noite estava terminando, e via outras pessoas que estavam junto dele me olhando também, como se tivessem me observando para dar nota... opinião... ou sei lá o que. Até que ele foi para fora, e não o tive mais no campo de visão. Do nada ele reapareceu, e veio em minha direção. Como um bobo eu fiquei meio tremulo e segurei a respiração, mas para minha decepção, apesar do estar olhando para minha direção, o filha da mãe passou direto e foi perguntar algo no caixa. E foi ele embora, para minha amarga solidão.

Fui meio chateado para casa, achando que não sabia realmente ler os tais sinais da paquera. Na sexta-feira seguinte, estava eu lá de novo, vi duas pessoas e achei que uma delas era ele, mas ao olhar atentamente vi que não era, infelizmente. No sábado, marquei presença e ao chegar já o vi sentado com os amigos. Dei uma olhadinha e segui para meu banquinho. Continuávamos a cruzar olhares, e realmente não estava errado sobre os sinais. Do nada, ele sentou do outro lado do balcão, pediu um refrigerante (o que já ganhou pontos, por que não era algo alcoólico) e continuávamos aos nossos olhares incessantes. Até que ele puxou para cima o banquinho e me ofereceu para sentar.

Na hora fiquei naquela, já muitos ali me ofereceram lugares e conversas e eu não dei bola. E aos que dei este espaço, me arrependi muito. Mas ele olhava para mim, com aquele sorriso em formato de boca de gato. E por impulso, me levantei e sentei ao seu lado. Muito simpático e falador, me fez senti a vontade. Acabamos contando muito sobre nós, e no meio da conversa até troquei seu nome por causa do apelido que seu colega o chamava.

E ele olhou para mim e se levantou, disse que ia ao banheiro, mas deixaria a jaqueta branca dele encima do banquinho, pois era cara e eu não teria coragem de fugir e deixá-la ali. Eu sorri, e o vi afastar.Voltando do banheiro, trocamos e-mails (era a primeira vez que dava meu e-mail pessoal para alguém, e não o secundário) e telefones. O papo fluía perfeitamente, até que ele interrompeu e disse que precisava ir embora. E eu querendo ficar mais um pouquinho com ele. E ele falou que nos falariamos.

Ass.: Ray

Diário de Bordo 3: perdido no espaço GLS


Bem, tinha meus 26 anos, e quase nenhuma experiência com o mundo GLS no litoral santista. Só tive três experiências, uma vez fui ao Equilíbrio, antigo bar lésbico no alto da Ilha Porchat (para falar a verdade, não sei se continua a funcionar). Fiquei grande parte do lado de fora junto com meu pretenso namorado. Na segunda vez, este mesmo me levou para conhecer a The Club, que na época tinha outro nome.

O lugar parecia casa mal assombrada, tinha no máximo uns 15 gatos pingados espalhados. Então, ainda não tinha experimentado o “fervo” que tanto diziam sobre as boates cheias. A terceira, foi com meu terceiro pretenso namorado. Ele me levou num barzinho no fim da Conselheiro Nébias, chamado Help. Local aconchegante, estava ainda no inicio, Gostei muito do clima. Após o fim deste namoro, tomei a coragem e fui freqüentar sozinho este bar. Ele havia ficado mais conhecido e enchia quase todos os fins de semana. Mas, eu ficava sentado a beira do balcão, bebendo minha soda (dificilmente bebo álcool), e virava alvo dos olhares e comentários das outras pessoas no bar.

O mundo GLS tem dessas, se você é carne nova no pedaço (mesmo não sendo o mais belo dos belos), você vira uma porção de açúcar no meio do formigueiro. Todos querem saber de você, lhe chegam perto e fazem perguntas sem sentido. Como eu ficava só olhando, um deles chegou até a dizer que eu era um repórter cobrindo a noite gay e quis dizer o nome dele para eu não esquecer de colocar na matéria. Houve momentos estranhos, como um casal de gays que chegaram e ficaram sentados próximos de mim. Um deles não parava de olhar para mim, até na hora de um deles ir ao banheiro, e o que me observava chegar a mim e dar um papel anotado e dizer: “me liga no horário comercial”.

Fiquei sem entender, até conversar com meu ex-namorado, e ele dizer que conhecia o cara, que era sustentado pelo o outro. E que só podia ligar no horário comercial, por que era a hora que o marido dele trabalhava. Não sei se achei engraçado ou até um mesmo triste, por causa do outro cara, pois eu não deveria ser o primeiro a receber propostas do tipo. Outro dia, vi um belo homem, já beirando os 40. Bem arrumado e muito bonito. Ele foi se chegando, fingindo que só ia conversar com o amigo dele que estava sentado ao meu lado. Até que ao me fitar os olhos, veio enfim conversar comigo.

O problema que o papo não me agradou muito, pois ele estava a mais tempo no mundo GLS, era bem fervido e no dia seguinte iria à Parada Gay. Aquilo para quem estava entrando ainda pela porta dos fundos no mundinho gay, era assustador. Podia até ser um pouco de preconceito meu, mas era tudo novo demais, tive medo.Tive momentos engraçados e constrangedores. Chamei meu primo para conhecer o barzinho, me empolguei e entrei na caipiroska, que estava carregadíssima de Vokda.

O que para alguém que não tem costume de beber, é um perigo. A bebida me deu uma coragem de super-herói, o que me fez encarar o cara na mesa vizinha. O flerte foi tão grande que ele me chamou para conversar na mesa dele e trocamos até beijos. No final, para constrangimento de todos, ele estava indo embora, quando o puxei pelo pescoço e o beijei. O que a bebida não faz, né?Em breve conto mais experiências que tive no barzinho, que direcionaram para a grande transformação na minha vida.

Ass.: Ray

Diário de bordo 2: desventuras em série


Sim, deixei de procurar só sexo, resolvi procurar o amor. Mas como? Eu não freqüentava locais GLS e até tinha um preconceito meio bobo sobre tais lugares, além do medo de se expor. É claro, lá vou eu procurar na internet. Mas, como comprovei, romances que começam na internet tem no máximo 10 % em dar certo. Conheci muita gente, mas se no mundo real as pessoas criam máscaras, personagens e tudo mais, imagina no virtual. Conheci príncipes encantados, machões convictos e românticos inveterados.

Que na realidade eram canalhas, afeminados ao maximo e grande curtidores de... sexo.Não criem uma imagem má de mim, não sou contra afeminados, só não curto mesmo. Pelo menos nenhum deles passou no meu caminho e me deu afinidade. Pois, nunca podemos dizer nunca. E sim, curto sexo e muito sexo. Mas nada que não possa ser trocada por uma noite de carinhos e abraços com o torso nu. Você deixa bem claro com as pessoas, que procura namoro.

Mas as perguntas do outro lado sempre são sobre tamanho do pênis, se moro sozinho ou quais minhas preferências: ativo ou passivo?? Sei lá, a internet não só emburreceu o português de certas pessoas, como trouxeram para fora de tímidos, o pior tipo de tarado sexual. Sei lá, não custa nada às pessoas manterem certos limites, e deixa de enxergar a outra pessoa no bate-papo apenas como um objeto. Pois assim como tem muita gente procurando apenas sexo, tem também muitas que estão sozinhas, e que ao encontrarem certos tipos de pessoas acabam ainda mais cercadas com a solidão.

Da internet me surgiram três relacionamentos de curto prazo. Um cara que se dizia querer terminar seus dias ao lado de uma pessoa, mas no fim acabou vendo que a vida monogâmica é sem graça. Um segundo cara que ficou o tempo inteiro preso a um passado com uma outra pessoa. E o terceiro que era uma pessoa maravilhosa, mas os dois sabiam que seria como mergulhar óleo em água. Pois as pessoas no mundo gay, não querendo generalizar, mas em grande parte dizem querer ter um grande amor, viver a vida ao lado dele, mas ao ouvir o primeiro som da boate, ou a cara nova que surgiu no mundinho GLS, que esquecem totalmente esta vida.

A internet meio que estragou parte da minha vida, pois nela acabei desacreditando um pouco do sentimento humano, e me achando uma alienígena no meio do mundo GLS. Pois até os caras coroas não queriam um relacionamento, só estavam afim de um cara mais novo para transar.Então, por mais irredutível que eu parecia, acabei tendo que acessar o mundo real GLS, saindo de trás da tela do PC. E botando a cara a tapa. Por mais difícil que fosse.

Continuo em breve,

Ass.: Ray

Diário de bordo: o pequeno menino homo

Resolvi abrir esta nova seção para desabafar. Falar um pouco da minha sexualidade, sobre minhas escolhas e quem sabe, isto não sirva de exemplo para os “news gay” que estão surgindo por aí. Ou para abrir um debate na mente de vocês.Quando criança, sempre adotei uma postura hetero (ou tentava em grande parte), brincava na rua, fingia namoros como meninas, mas no intimo a curiosidade crescia. Crescendo um pouco começou o famoso troca-troca com amigos, mas nada demais, coisa de moleque, a mão naquilo, aquilo na mão, sobe em cima, brinca com aquilo e afins.Mas, na minha mente a atração pelo mesmo sexo existia, mas por criação, por ter certa fixação pela bíblia quando mais jovem, eu meio que ignorava ou deixava as coisas só na imaginação, ou só nos famosos troca-troca sem penetração.


A gente vai crescendo, e acaba caindo de cabeça no relacionamento hetero. Tenta de tudo, sofre, força a barra, mas as coisas realmente não andam. Fiz uma besteira de continuar um namoro hetero que foi péssimo para ambos os lados, tanto que hoje a pessoa não olha mais para minha cara. E as poucas ligações homossexuais eram terríveis, o que levou até ao fim de uma amizade, pois a pessoa acabou gostando de mim.Por incrível que pareça, fiquei um longo tempo nisto, só beirando os 25 anos que resolvi encarar a homossexualidade como vida, assim como um primo meu, fui seduzido pela internet.



Não freqüentava locais GLS, mas tentava sanar a atração homo com encontros casuais pela internet, até que o vazio me tomou.Com a doença de alguém próximo, acabei enxergando a vida de outro ângulo. E parei de olhar a homossexualidade como algo extremamente ruim. Pois a vida pode ser curta, e certos pesos têm que se tirar das costas, para torná-la (a vida) no mínimo suportável. E resolvi deixar de enxergar o sexo, e passei procurar o amor, por mais que este caminho seria um pouco estranho para mim.



Em breve, continuo.



Ass.: Ray

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