segunda-feira, 15 de março de 2010

Comportamento e sexualidade


Aos poucos, meio que vou tirando este meu pré-conceito de pessoas afeminadas. É meio difícil compreender estas pessoas vindo de um universo tão machista ao qual convivi por muito tempo. Imagino como deve ser a mesma sensação de pessoas que não tenham contato com homossexuais e depois tem, deve ser uma estranheza danada, formado pelo tal pré-conceito.

Passei anos sem contato com o mundo gay quando vivia no litoral, quando meu primeiro namorado me levou a famosa Barraca da Cris, fiquei esperando no carro enquanto ele ia buscar flyers para as boates. Fiquei com medo de encarar aquelas pessoas e de outras pessoas me verem neste ambiente.

Como a nossa vida muda, antigamente não conseguia nem freqüentar estes lugares e ficava com o corpo quase todo no armário, hoje estou vivendo (casado) com outro homem. As voltas que o mundo dá, e as barreiras que temos que nos libertar de nosso cérebro.

Neste sábado fomos com dois amigos de um antigo serviço, ao cinema assistir “A Ilha do Medo” (vale a pena dar uma corridinha no cinema e assistir), por incrível que pareça, eles não sabem que somos gays e namorados. Pessoas são bem distraídas.

Ao sair do cinema, no Shopping Frei Caneca, a esquina próxima a “Loca” estava lotada. Um dos transeuntes do local atravessou a rua com mais dois amigos e falou alto e em bom som algumas coisas bem vergonhosas e com aquele tom ao estilo gato miando. Um dos meus amigos virou para mim: “não me importo com quem eles transam, não tô nem ai. Cada um é dono do seu nariz. Mas... precisa falar deste jeito??”.

Naquele momento comecei ver as coisas pelo ângulo dele. As vezes as pessoas são afeminadas e nem percebem que são, mas as vezes há um certa falta de compostura e exagero de algumas pessoas.

Por exemplo, em Santos havia um bar, o saudoso Help ao qual eu conheci o L., um dia havia um burburinho no bar sobre um abaixo assinado do prédio ao qual o bar estava instalado. Todos comentavam do absurdo, que as pessoas eram atrasadas e preconceituosas. Que o bar estava sofrendo discriminação por ser GLS.

Pois bem, rolou um pouco de discriminação, é claro e inegável que rolou. Mas, comecei a observar as pessoas que o freqüentavam. O bar fechava quase todo fim de semana lá para as quatro da matina, enquanto isto o bar, a calçada e rua em sua frente havia milhões de gays e lésbicas. Todos falando alto, gritando e se esfregando no alto teor desta palavra. Aquela gritaria descomunal e irritante, que até eu e o L. ficávamos irritados.

Chegou até rolar espelhos de carros da vizinhança arrancados, garrafas sendo jogadas na rua, bombas em banheiros e todo este fuzuê até as quatro da matina embaixo da janela dos moradores do prédio. Tinha razão para não rolar um abaixo assinado??

É claro, não vou e nem quero mais julgar quem é afeminado ou fez a escolha de partir para esta tangencia, mas queria que houvesse certa postura e respeito de todos. Pois se garante respeito, respeitando os outros. E tem aquela velha frase: “a liberdade de um termina quando começa a do outro”.

Se você quer ter sua liberdade sexual, ser visto como gente como qualquer um. Não faz mal algum ter um pouco de postura, isto não tem nada haver com a sua preferência sexual e sim com educação. Por falta dela, o bar Help deixou de existir.

Ass.: R

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