segunda-feira, 5 de julho de 2010

Diário do Leitor

Bom, estreamos esta nova seção no blog, onde você pode desabafar, contar algo de sua vida ou apenas dar um pitaco sobre homossexualidade. Um espaço aberto para você leitor escrever.

Vejam o primeiro texto:



Olá Caríssimos R & L do DXPP.

Meu nome é Willian Alves, tenho 21 anos, e acompanhando os blogs de vocês não pude deixar de reparar nas mudanças de 2 anos de blog. E conforme pedido estou mandando a colaboração do leitor para o DXPP, O lado sério. É sobre como me assumi para a pessoa mais importante da minha vida, a minha mãe!

Sempre soube que era “diferente” e desde pequeno sempre admirei corpos masculinos, fui crescendo e essa admiração, passou a ser atração. Sempre guardei isso pra mim, pois meu pai sempre foi muito ignorante em relação e esses assuntos, típico de sua criação. Fui crescendo e sempre sentido essa atração misturada com curiosidade sobre os homens. Sempre fui indignado com a postura machista do meu pai, sobre os mais diversos aspectos. Os anos foram passando e em 2007 meu pai veio a falecer e claro que não fiquei feliz, mas vi ali uma luz no fim do túnel. Sempre acreditei que minha mãe por viver tantos anos ao lado de meu pai, tivesse adquirido aquela cultura machista e preconceituosa dele. Mas conforme o tempo foi passando, ela se recuperando do acontecido, vi que ela não era como ele, e sim satisfazia os desejos dele. Minha mãe se mostrou uma pessoa aberta, totalmente diferente do que pensava, mas ainda tinha receio de contar pra ela sobre minha homossexualidade. A essa altura já estava saindo mais para a noite, conhecendo pessoas novas, mas sem nenhum envolvimento com ninguém.

Estava “feliz” do jeito que estava. Só que desde o começo desse ano de 2010 estava me sentindo triste com tudo isso, perdi alguns amigos e tive tempo pra pensar no que poderia fazer pra ser feliz novamente, e decidi que assumir ao menos para a minha mãe sobre minha condição era o que eu precisava fazer, amadureci a idéia, pensei nos prós e contras, em argumentos, em praticamente tudo. Esse planejamento durou 6 meses, e decidi que contaria quando entrasse de férias na universidade, dito e feito, no dia 24 de Junho de 2010, ou seja, semana passada, resolvi contar a verdade. Passei o dia em casa pensando na abordagem que faria a minha mãe, ela passava por mim e perguntava por que eu estava tão triste, que se tivesse alguma coisa pra falar que eu podia contar pra ela. Sempre que me aproximava pra contar, eu começava o discurso, mas na hora eu simplesmente travava e não falava nada. Já a noite, sentei ao lado dela no sofá e ela me perguntou sobre alguma novidade no meu dia, e eu disse que tinha uma que talvez ela não fosse gostar, ela me perguntou o que era e simplesmente travei de novo, fiquei de cabeça baixa e ela me olhando e indagando o que era que eu tinha para contar, ela se levantou, foi até a cozinha e voltou me dando um abraço, percebeu que lágrimas caiam de meus olhos, voltou a sentar-se do meu lado e continuou me olhando, ela pegou em minha mão, e perguntou se eu era gay, eu não conseguia falar, apenas confirmei com a cabeça e desabei a chorar, ela então rapidamente me puxou para o seu colo e disse que estava tudo bem, que ainda me amava do mesmo jeito e que não ia me bater ou me colocar de casa pra fora. Fiquei surpreso com a reação dela e não conseguia falar nada, encostado em seu peito senti que ela não estava contente com aquilo, mas que não poderia fazer nada, visto que aquilo não era um pedido de “Eu posso ser Gay?”. Ela me abraçou me confortou fez algumas perguntas que eu respondia aos prantos. Por mais que estivesse chorando, estava explodindo de felicidade naquele momento. Pedi que ela não contasse a ninguém e que deixasse que eu mesmo contasse pro meu irmão mais velho, que mora conosco, e que quanto aos demais familiares contaria quando me sentisse a vontade, ou que descobrissem por conta própria, ela concordou e me apoiou, disse que não contaria nada a ninguém e que estaria sempre ao meu lado.

Depois de todo esse “desabafo” o que tenho a dizer é o seguinte: Aos que vivem no armário, ou como eu costumo dizer vivem num teatro, que pensem bem no que estão fazendo com suas vidas, manter uma mentira para agradar os outros não é melhor maneira para se viver, você está apenas se enganando, sofrendo calado para manter a satisfação de alguém, claro que nem todos vão ter o apoio que eu tive, e quem nem todos os pais e mães reagirão da mesma maneira, mas é importante que você esteja feliz consigo mesmo. Muitos podem estar fazendo uma tempestade num copo d água assim como eu fiz, e mal sabem eles que a reação das outras pessoas pode ser mais natural do que imaginamos. Resta pensar bem, considerar todas as possibilidades e decidir entre ser feliz do jeito que está ou lutar para mudar.

Valeu muito pela participação, Willian.

E você, leitor. Use este espaço. Mande texto no corpo do e-mail, não mande arquivo anexo. E junte ao Lado Sério. O e-mail é:
digaxisparaopassarinho@gmail.com

Ass.: R

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei sua história Willian!!

Visivelmente vc eh uma pessoa de principios... queria te conhecer melhor ... huahauaha

Se tiver msn ...

Willian Alves disse...

Nossa fiquei muito tempo longe de internet e não sabia desse comentário. Querido 'anônimo' será um prazer lhe conhecer tbm...
Se ainda houver interesse e se lembrar deste tópico é só add!

williansalvesdf@hot...

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