terça-feira, 24 de março de 2009

O Outro Diário de Bordo: o início


Até onde posso me lembrar, sempre tive plena consciência de minha homossexualidade. Desde pequeno mesmo, desde os tempos do colégio, desde os 10 ou 11 anos. Nunca precisei de nenhum teste, nenhuma prova: eu simplesmente não olhava para as meninas, e sim para os meninos. As famosas e clichezentas brincadeiras de médico só poderiam ter meninas se elas fossem secretárias ou moças da limpeza. Hahaha!

Claro que o comportamento masculino, ou o que se espera de um comportamento de um moleque, não mudou. Sempre gostei de brincar com carrinhos, jogar bola na rua, elaborar centenas de histórias de ação com minhas coleções de bonecos do He-Man e do Comandos em Ação. Sem querer desmoralizar ou denegrir a imagem dos gays mais, na falta de uma palavra melhor, delicados (se o termo saiu grosseiro, peço mil perdões, de verdade), nunca me deixei dominar por trejeitos, nunca tive intenções de "virar uma mulher" ou agir como uma, e sempre tentei manter uma postura extremamente masculina.

Sem falsa modéstia, acho que sou bem-sucedido, pois até hoje muita gente sequer desconfia de minha condição sexual. E olha que quase 90% do meu ambiente rotineiro é de predominância hétero.

O que não significa que eu não conviva bem com o que sou. Adoro ser gay, de verdade. Nunca tive qualquer espécie de conflito interno, nunca pirei e sempre me dei muito bem comigo mesmo do jeito que sou. Nunca senti a menor culpa por desejar outros homens. E olha que aprontei muito, muito mesmo! Embora não tenha a menor vontade e o menor talento para a poligamia, para a promiscuidade ou para a prática do coito com vinte sujeitos a cada semana (!!!), não posso negar que tive uma adolescência e início de fase adulta muito agitadas em termos afetivos e principalmente sexuais - tudo, claro, com sua devida proteção.

Acho que até mesmo por ter tido uma vida sexual bastante ativa, hoje me sinto muito mais tranqüilo e interessado somente em curtir uma vida de casado com um parceiro fixo, de preferência que eu ame e que me ame também (certamente o meu maior acerto até agora).

Antes de tudo, porém, não nego que até tentei experimentar uma vida hétero - nada de sou-cheio-de-conflitos-porque-sou-bicha ou de eu-não-pedi-pra-ser-assim-e-quero-morrer, eu simplesmente queria ter uma garota para ter certeza do que MEU CORAÇÃO queria. Aos 13 anos, namorei uma menina por quatro meses e ela quis terminar porque "me achava muito devagar" (hahaha), tanto que neste meio tempo o máximo que fiz foi meter as mãos nos micro-seios dela. Na escola, troquei beijinhos com uma ou outra garota, mas também nada de mais. E a cada um destes beijos, mais certeza eu tinha de que o meu negócio era homem mesmo. Lascou-se tudo! Hehehe.

Meu primeiro contato com o mundo gay aconteceu aos 13 anos mesmo, da forma que começa para a maioria: com a molecada vizinha, uma turma de uns 7 ou 8 meninos, todos da mesma faixa de idade (entre 13 e 16 anos), em brincadeiras até inocentes. Todos nós tínhamos pais que trabalhavam o dia inteiro, irmãos que estudavam à tarde, e como estudávamos na parte da manhã, tínhamos a tarde livre e uma penca de "casas vazias" para explorar nossa sexualidade da forma que quiséssemos.

Então, sempre tinha um que aparecia com uma revistinha de sacanagem, outro que descobria uma fita VHS pornô escondida no armário do irmão mais velho... e lá ia todo mundo para a casa de um ou de outro, para ver o filme, ler a revista e, óbvio, fazer aquelas infames brincadeirinhas de comparar o tamanho e os detalhes. Para os mais novos, era muito engraçado ver a nudez dos mais velhos, já com pêlos pubianos e bem mais, er, desenvolvidos. Daí para os campeonatos de bronha foi um pulo. Alguém colocava um filme pornô pra rodar e todo mundo começava a se masturbar ao mesmo tempo, todo mundo na frente de todo mundo - mal sabiam eles que eu já me masturbava não pensando no filme, mas sim na visão que o evento me proporcionava... Hahahaha!

Desta turma, tinham três garotos que eram os mais próximos a mim, e que seriam meus "parceiros" nas descobertas mais, digamos, intensas. Mas esta história fica para a próxima. Muita água ainda vai rolar! ;-)

Ass.: L

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